Sejusp apura se vítima de feminicídio havia atualizado cadastrado de endereço no sistema

Sejusp apura se vítima de feminicídio havia atualizado cadastrado de endereço no sistema

O Secretário de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, concedeu uma entrevista ao Dourados News durante participação na inauguração da nova Delegacia da PRF nesta terça-feira (25), abordando o alto número de feminicídios no Estado. 

Com seis feminicídios confirmados até o dia 23, o Estado registra em média uma mulher assassinada a cada quatro dias em novembro. 

A pauta foi impulsionada pelo recente assassinato da ex-guarda municipal Alliene Nunes Barbosa, 50 anos, morta com 23 facadas pelo ex-marido, que estava sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.

Videira afirmou que o estado adota a transparência total no registro desses crimes, que já somam 37 feminicídios em 2025. 

“Feminicídio e estupro são crimes que nos chocam muito. E Dourados e o Mato Grosso do Sul têm lutado muito para enfrentar isso. Mas sempre com muita transparência. Nós não podemos acobertar o que está acontecendo,” disse o secretário.

Questionado sobre a falha no sistema de monitoramento do autor do crime, Cristian Alexander Cabeza Henriquez, com quem Alliene tinha se relacionado no passado e mantinha medida protetiva, o secretário confirmou a apuração sobre o funcionamento do dispositivo.

Ele explicou que a tornozeleira eletrônica emite alertas nas áreas de exclusão indicadas pela própria vítima.

“O monitoramento ocorre nos locais que a vítima indica. O monitoramento, ela diz, olha, é a minha casa, a escola do meu filho, a igreja é o endereço. Então, esses dados são inseridos no monitoramento,” esclareceu Videira, que citou ter pedido informações à Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para verificar se a vítima havia indicado o endereço do crime como área de restrição.

O Secretário ressaltou que, embora o sistema permita cadastrar até dez locais de exclusão, o monitoramento só ocorre para os endereços delimitados pela mulher. No caso de Alliene, há a apuração se o local de moradia estava cadastrado.

O agressor, Cristian Alexander Cabeza Henriquez, 44 anos, foi preso horas depois do ataque, mas o episódio levantou questões sobre a eficácia da proteção.

Integração para salvar vidas

Videira destacou que o combate ao feminicídio passa, obrigatoriamente, pelo enfrentamento à violência doméstica, e defendeu o caminho da integração para a proteção das mulheres, citando o trabalho de acolhe essas mulheres de forma que elas possam evitar feminicídio. 

O secretário citou a ferramenta IntegraJus, parceria entre o sistema de Justiça e a Segurança Pública, como essencial para celeridade nas entregas e garantir a proteção efetiva.

Ele afirmou que, apesar das perdas, “nós estamos salvando outras vidas e o caminho é a integração e estabelecer cada vez mais canais para que essas mulheres possam ser atendidas, acolhidas e protegidas’, finalizou.
 

Fonte: Dourados News

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