Agricultores franceses protestam contra acordo UE-Mercosul em frente à casa de praia de Macron

Cerca de 30 integrantes dos sindicatos agrícolas FDSEA e JA protestam com tratores, pneus, esterco, galhos e repolhos em frente à casa do casal presidencial francês, na cidade litorânea de Le Touquet, no norte da França

Dezenas de agricultores franceses protestaram nesta sexta-feira (19) em frente à casa de praia do presidente Emmanuel Macron, na cidade litorânea de Le Touquet, no norte da França. Os manifestantes despejaram esterco e outros materiais nas proximidades da residência em protesto contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul e contra a política agrícola do governo.

Durante a última semana, produtores rurais têm realizado atos contra o tratado de livre comércio, cuja assinatura estava prevista para sábado, em Foz do Iguaçu, no Paraná, mas foi adiada para janeiro. Eles também criticam a gestão governamental diante de uma doença que afeta o rebanho bovino.

Entre os objetos deixados em frente à mansão, vigiada por forças de segurança, estavam pneus, repolhos, galhos e um caixão com a inscrição “Não ao Mercosul”. A casa pertence ao presidente francês e à primeira-dama, Brigitte Macron.

Segundo Benoît Hédin, do sindicato agrícola FDSEA, o protesto teve caráter simbólico e mira a “política europeia atual”. Ele citou o acordo com o Mercosul e a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) como exemplos de medidas que, segundo os agricultores, representam retrocessos.

Marc Delaporte, outro produtor rural, afirmou que a mobilização já dura cerca de dois anos sem avanços concretos. De acordo com ele, produtos importados entram no mercado europeu sem as mesmas exigências regulatórias e concorrem a preços que os agricultores locais não conseguem igualar.

A Comissão Europeia fechou o acordo comercial com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em dezembro de 2024, em Montevidéu. A presidente do órgão, Ursula von der Leyen, pretendia formalizar a assinatura durante a cúpula do Mercosul no Brasil, o que acabou sendo adiado após pressão da França, apoiada recentemente pela Itália.

O principal sindicato agrícola francês, FNSEA, considerou insuficiente o adiamento da assinatura e afirmou que manterá a mobilização contra o tratado. Agricultores temem que a entrada de produtos sul-americanos, como carne, arroz, mel e soja, considerados mais competitivos, prejudique a produção europeia, enquanto o acordo prevê a ampliação das exportações de veículos e máquinas da União Europeia para o Mercosul.

*Com informações da AFP

Fonte: Jovem Pan News

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