População está resgatando orgulho de ser douradense, diz Marçal

População está resgatando orgulho de ser douradense, diz Marçal

“O esforço é grande, a dedicação é maior ainda, mas a satisfação é gigantesca de ver que a nossa cidade está melhorando”, afirmou o prefeito Marçal Filho, em entrevista ao Dourados News, no contexto do aniversário de 90 anos de Dourados, comemorados neste sábado, 20 de dezembro. Ele falou sobre as conquistas e desafios na gestão da maior cidade do interior do Estado, incluindo corte de gastos, saúde, educação, previsão de retomada de obras paradas e novos empreendimentos.

Para o prefeito, o município é considerado uma cidade que “se desenvolve sozinha”. “Não é preciso administração pública para a iniciativa privada ir para frente por conta do nosso mercado que é muito forte, da posição estratégica que nós ocupamos. O que cabe à administração ou ao gestor é acompanhar isso, o desenvolvimento da cidade, é a oferta de serviços públicos, porque a partir do momento que a cidade cresce, os problemas sociais aumentam. Então a gente tem que se virar. Não é ficar esperando o momento em que a arrecadação vai subir, não adianta ficar reclamando que não tem dinheiro. Tem que ser criativo”, diz.

Ele alega que além de cuidar de setores essenciais como saúde e educação, também é necessário manter o ‘embelezamento’ urbano.

“A gente conseguiu nesse ano fazer essa diferença, as pessoas perceberem que algo mudou na cidade e resgatar isso: resgatar a autoestima das pessoas, o orgulho de serem douradenses”, afirma Marçal, que nasceu no município.

Pintura e limpeza é realizada no centro de Dourados. – Foto: Clara Medeiros / Dourados News

Orçamento e Contenção de Despesas

Prestes a completar um ano no cargo, conta que a gestão teve erros e acertos, mas que isso deve colaborar para avanços a partir de 2026. “Nós teremos um orçamento nosso, teremos mais experiência”, acredita. A LOA (Lei Orçamentária Anual) que estima receitas e fixa despesas para o município é aprovada sempre no ano anterior, ou seja, o executado em 2025 foi desenhado pela gestão anterior, diferente do que passa a valer no próximo ano.

“Nós pegamos a prefeitura com uma folha de pagamento absorvendo quase toda a arrecadação ou, pelo menos, mais da metade do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. É uma folha de pagamentos que absorve 53,7% da arrecadação, aí se você somar 25% que nós gastamos com a saúde, mais 15% com a educação, a limpeza pública, os insumos da saúde, enfim, sobra praticamente nada para investimento. Então é uma situação financeira extremamente complicada, nós tivemos que ter muita criatividade”, alega.

O prefeito afirma que para fazer a ‘máquina andar’ foi necessário reduzir custos e publicar um Decreto de Contenção de Despesas. “Nós encontramos funções gratificadas muito altas, cargos de confiança num número que não era o adequado”, diz, reconhecendo que faltam servidores em determinados postos.

“Meu foco tem que ser no sentido de atender a população, fazer o possível para não faltar o medicamento na casa da pessoa, material escolar, que a pessoa possa ter uma facilidade maior pra conseguir uma consulta, um exame, uma cirurgia. Eu tenho que cuidar dos serviços básicos que uma prefeitura tem que oferecer. Então nós queremos, evidentemente, que os servidores públicos tenham uma remuneração melhor, que possam ter mais servidores em determinadas áreas que são necessárias. Agora, eu tenho que pensar no macro, num todo, que é a população de Dourados e o resultado que eu vou dar para o povo” afirma.

As prioridades do orçamento previsto em R$ 2,16 bilhões, foram para saúde e educação, que são os principais gargalos. Para os demais setores, como infraestrutura, disse que pretende procurar parcerias com deputados federais e senadores, para atrair investimentos através de emendas parlamentares. Como exemplo, citou uma emenda de bancada no valor de R$ 40 milhões para transformar o Parque Arnulpho Fioravante em um Parque Ecológico, com diversos atrativos, incluindo trilhas.

Saúde e Emergência

O prefeito ainda destacou a necessidade de aumento no aporte de recursos para a saúde repassados pelos governos estadual e federal, que considera insuficientes para atender a demanda da UPA (Unidade de Pronto Atendimento Médico) e, especialmente, do HV (Hospital da Vida), referência de urgência e trauma para 34 municípios da região, que juntos tem 900 mil habitantes. Segundo ele, o déficit mensal com essas estruturas é de R$ 2 milhões.

Hospital da Vida até 34 municípios da região, sem recursos suficientes para custeio – Foto: Clara Medeiros / Dourados News

Marçal alega que está estabelecendo diálogos, mas diante do cenário cogita reduzir o atendimento às cidades vizinhas. “Lógico que nós queremos continuar atendendo os outros municípios, mas precisamos ter condições para isso, porque em primeiro lugar está Dourados, afinal de contas é o imposto do douradense que mantém os recursos da prefeitura que são utilizados para o Hospital da Vida”, relata.

Segundo o prefeito, na época em que foi concebido o projeto do Hospital Regional de Dourados há mais de dez anos, o pensamento é de que faria o papel que hoje é desempenhado pelo HV. Porém, passados esses anos houve um entendimento do Governo do Estado de que seria um hospital regulado, ou seja, em que os pacientes vão a partir de encaminhamentos de outras unidades. “Ele vai melhorar o atendimento aqui de Dourados, mas não vai resolver o problema da urgência e emergência dos 34 municípios”, explica.

Já para desafogar a UPA, alega que tenta aumentar a quantidade de procedimentos e atendimentos feitos em postos de saúde. Além disso, foi iniciada a construção de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) no Jardim dos Estados, que deve substituir duas unidades próximas menores que funcionam em prédios alugados. Também foi descentralizada a oferta de medicamentos, com implantação de farmácias em algumas unidades.

Ele ainda relata que tem como prática visitar serviços de diferentes áreas pessoalmente. “Se você ficar no gabinete, você fica numa bolha. Você acha que tá tudo bem, porque todo mundo ao seu redor vai dizer que está bem. Então, quando você vai pra rua que você percebe as coisas que estão erradas os problemas que estão acontecendo. E eu faço isso sempre inclusive sem avisar”, afirma.

Teatro Municipal está fechado há mais de três anos à espera de reforma. – Foto: Clara Medeiros / Dourados News

Obras Paradas e Atrasadas

Marçal ainda alegou que o município está em vias de terminar a licitação para iniciar a obra de reforma do Teatro Municipal, que está fechado há anos. A previsão é de ordem de serviço ainda no primeiro semestre de 2026. Já a entrega da revitalização do Ginásio de Esportes em parceria com o Governo do Estado, deve acontecer até fevereiro.

No campo da educação, um desafio é retomar obras paradas de Ceims (Centros de Educação Infantil Municipais). “Quando você para uma obra e retoma anos depois, ela está muito mais cara. Um Ceim ou uma escola que custava R$ 4,5 milhões a R$ 5 milhões na época, hoje custa R$ 11 milhões e o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) poderá atualizar esses valores, mas não vai aumentar muito mais do que isso, e a prefeitura vai ter que colocar dinheiro porque a contrapartida é muito maior. O prejuízo é grande se você não acelerar as coisas e não correr atrás para destravar isso”, afirma, sem estabelecer prazos.

 

Construção do Ceim do Parque do Lago está parada há mais de dez anos. – Foto: Clara Medeiros / Dourados News

Ela ainda aponta que a partir de 2026 serão abertas mais de 1 mil novas vagas para alunos do 4º e 5º ano, através de uma parceria com o Estado, que vai emprestar salas de aula de escolas estaduais para colocar alunos da rede municipal. Serão construídas também salas modulares, sendo um dos exemplos implantados na Escola Estadual Vereador Moacir Djalma Barros, no bairro Dioclécio Artuzi. Além disso, foi iniciada a construção de novas salas na Escola Municipal Profª. Maria da Conceição Angélica, no Jardim Guaicurus.

Iluminação pública

Já o processo de licitação para contratar uma nova empresa para fazer a manutenção da iluminação pública, segue a passos lentos, desde que o contrato com a antiga prestadora de serviço foi encerrado em dezembro do ano passado, sem possibilidade de prorrogação. Enquanto reclamações chegam aos montes ao ‘Disk Lâmpada’, o município comprou unidades de LED com cinco anos de garantia de fábrica e faz há um ano o serviço com equipe própria de eletricistas, que é pequena para o tamanho e a demanda da cidade.

Para justificar, o prefeito diz que a licitação para este tipo de serviço demora devido ao tamanho do contrato. “É um valor considerável, então atrai muitas empresas e muitas empresas entraram com recursos, porque todas elas querem ganhar o direito a explorar a iluminação pública, e isso acaba atrasando. Mas, nesse mês de dezembro, nós deveremos ter a licitação conclusa, então eu espero que no primeiro semestre do ano que vem, a gente comece esse trabalho”, afirma.

Segundo ele, além da manutenção, a nova empresa ainda vai trocar as lâmpadas atuais por LED, que são mais resistentes e econômicas, com previsão de alcançar toda a cidade em cerca de um ano e meio.

Precariedade da iluminação pública é alvo constante de queixas dos moradores. Foto: Clara Medeiros / Dourados News

Mobilidade Urbana e Aeroporto

Com relação ao trânsito que considera estar “um verdadeiro caos”, principalmente em horários de pico, disse que o município faz revitalização da sinalização viária, e planeja modernizar o sistema semafórico e implantar um projeto cicloviário. Já o contrato com a empresa concessionária do transporte coletivo foi prorrogado, com previsão de troca de todos os ônibus por novos, com ar condicionado, acessibilidade, mais horários e trechos.

Com relação ao Aeroporto, a intenção é passar para a iniciativa privada como já acontece em outros lugares do país. “Está custando R$ 400 a 500 mil por mês para a prefeitura e a partir dos voos diários, vai custar muito mais”, afirmou. “O poder público não tem condições de ficar gastando dinheiro todo mês com isso, faz falta para a gente esse dinheiro, que poderia ser utilizado para outras coisas que são essenciais”, complementou.

Ainda assim, reconhece que a reabertura do aeródromo municipal após quatro anos fechado para reforma, é fundamental para a economia. Os voos comerciais voltaram há três meses, e passam a ser diários para Guarulhos (SP), a partir de abril de 2026. Existem tratativas da prefeitura para atrair mais companhias, como a Gol e a Azul; e a construção de um novo terminal de passageiros em andamento, pelo Governo do Estado em parceria com o Governo Federal.

Latam é única companhia a operar no Aeroporto, com voos três vezes na semana. Foto: Clara Medeiros / Dourados News

Essa reabertura ainda tem facilitado o acesso e o interesse de investidores. “Há um interesse no nosso mercado e nós jamais vamos atrapalhar a vida de quem quer investir aqui”, pontuou, alegando que incentivos serão destinados somente aos empreendimentos que apresentarem uma contrapartida para o município em benefício da população.

McDonald’s

Ao ser questionado se poderia comentar sobre algum empreendimento previsto, Marçal citou a possibilidade de instalação de uma grande rede que com frequência está em rodas de conversa dos douradeneses. “Tem um projeto do McDonald’s para cá, tem uma área já colocada para isso, o projeto existe lá na prefeitura para isso. Agora quando vai acontecer, não sei porque é um investimento privado. Depende do bolso dos investidores e do interesse deles de quando isso irá acontecer”, afirmou, complementando que não citaria em qual região da cidade está o projeto para não gerar especulações.
 

Fonte: Dourados News

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