Zelensky: EUA propõem reunião presencial com a Rússia

Zelensky

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse neste sábado (20) que Washington propôs as primeiras negociações presenciais entre Ucrânia e Rússia em meio ano, enquanto diplomatas se reuniam em Miami para relançar conversas destinadas a pôr fim à guerra.

O emissário russo Kirill Dmitriev anunciou neste sábado que estava a caminho dessa cidade da Flórida, onde já se encontram representantes ucranianos e europeus, além do enviado especial americano Steve Witkoff e do genro do presidente Donald Trump, Jared Kushner, que atuam como mediadores.

Zelensky disse que Washington “propôs, pelo que sei, o seguinte formato: Ucrânia-Estados Unidos-Rússia”, indicou, e acrescentou que representantes europeus também poderiam estar presentes. “Seria lógico manter essa reunião conjunta (…) uma vez que tenhamos conhecimento dos possíveis resultados das reuniões já realizadas”, afirmou o presidente ucraniano.

Na sexta-feira (19), perto de Miami, Witkoff e Kushner se reuniram com o negociador-chefe ucraniano, Rustem Umerov, e com representantes da França, do Reino Unido e da Alemanha.

A participação de russos e europeus nessas conversas na Flórida marca um avanço em relação à etapa anterior, na qual os Estados Unidos mantiveram negociações separadas com cada parte em diferentes locais.

“A caminho de Miami”, escreveu Dmitriev em sua conta no X, em uma mensagem acompanhada de uma pomba da paz em forma de emoji e de um curto vídeo em que o sol aparece brilhando entre as nuvens, diante de uma praia com palmeiras.

“Agora que os belicistas continuam trabalhando para minar o plano de paz dos Estados Unidos para a Ucrânia, lembrei-me deste vídeo da minha visita anterior – a luz brilhando através das nuvens”, escreveu o representante russo, emissário para assuntos econômicos.

No entanto, é improvável que Dmitriev converse diretamente com os negociadores ucranianos e europeus, dada a distância que ainda existe entre eles.

Moscou, que lançou sua ofensiva contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, vê com maus olhos a participação dos aliados europeus de Kiev, por considerá-la um obstáculo à paz.

Há mais de um mês, os Estados Unidos propuseram um plano para encerrar a guerra. O texto inicial, visto como amplamente favorável às demandas do Kremlin pela Ucrânia e por seus aliados europeus, foi desde então revisado após consultas com Kiev.

Os detalhes da nova versão não são conhecidos, mas, segundo Zelensky, ela envolve concessões territoriais por parte da Ucrânia em troca de garantias de segurança ocidentais.

Na véspera dessas novas conversas, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou em sua coletiva anual que o fim do conflito está nas mãos de Kiev e de seus aliados europeus. “A bola está completamente no campo de nossos rivais ocidentais, começando pela chefia do regime de Kiev e por seus patrocinadores europeus”, disse.

Horas depois, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, enfatizou que, apesar dos esforços de sua administração, Washington não pretende impor a paz.

“Não podemos obrigar a Ucrânia a chegar a um acordo. Não podemos obrigar a Rússia a chegar a um acordo. Eles precisam querer chegar a um acordo”, afirmou Rubio, que neste sábado poderia se juntar às conversas em Miami, sua cidade natal.

Putin prometeu seguir adiante com sua ofensiva militar na Ucrânia e elogiou os avanços de Moscou no campo de batalha após quase quatro anos de guerra.

As tropas russas aceleraram neste ano suas conquistas na frente ucraniana, onde controlam aproximadamente 19% do território.

Neste mesmo sábado, a Rússia anunciou a tomada de dois vilarejos nas regiões ucranianas de Sumi e Donetsk, no leste do país.

Mais ao sul, em Odessa, pelo menos oito pessoas morreram em um bombardeio russo contra um porto às margens do mar Negro.

Ao mesmo tempo, a Ucrânia afirmou ter destruído dois aviões de combate russos em um aeródromo da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, segundo o serviço de segurança SBU.

Putin ordenou uma invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, descrevendo-a como uma “operação militar especial” para desmilitarizar o país e evitar a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Kiev e seus aliados europeus afirmam que a invasão, a maior e mais letal em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial, representa uma apropriação ilegal de território sem provocação prévia.

*Com informações da AFP
Publicado por Nícolas Robert

Fonte: Jovem Pan News

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