A Polícia Federal disse que uma das aeronaves utilizada pela quadrilha investigada por tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, e que teve mandado de apreensão expedido pela Justiça nesta segunda-feira (23), foi avaliada em 20 milhões de dólares.
Até a última atualização, a aeronave estava em território estrangeiro e não havia sido localizada pela PF. Não há informações sobre o modelo.
A PF também divulgou balanço inicial da operação. Até a última atualização da reportagem, 29 pessoas tinham sido presas, segundo a Polícia, grande parte delas em Matinhos e em Paranaguá, no litoral paranaense. Um balanço final da operação deve ser divulgado na terça-feira (24). Também tinham sido apreendidos duas aeronaves, armas de fogo, dinheiro e 200 quilos de cocaína.
Ao todo, 37 aeronaves utilizadas pelos suspeitos de cometer os crimes são alvos de arresto, ou seja, que devem ser apreendidas. Além disso, R$ 400 milhões em bens dos investigados foram sequestrados por determinação da Justiça.
“Os grandes líderes não estão na periferia, estão na elite. Eles estão financiando outros crimes, corrompendo, estendendo os seus braços dentro e fora do país”, disse o delegado da PF Elvis Secco, durante coletiva de imprensa realizada durante a manhã.
Ao todo, 217 mandados judiciais foram expedidos pela 14ª Vara Federal de Curitiba para serem cumpridos em cidades do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. Desse total, 66 são de prisão e 151 de busca e apreensão.
Segundo a Receita Federal, oito mandados também estão sendo cumpridos na Espanha, Colômbia, Portugal e Emirados Árabes Unidos.
A operação Enterprise é considerada a maior do ano no combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e uma das maiores da história na apreensão de cocaína nos portos brasileiros, de acordo com a PF. Um novo recorde, no valor de R$ 1 bilhão, segundo a PF, foi alcançado em relação ao sequestro de bens em investigações da PF sobre tráfico de drogas na história da corporação.
Segundo a corporação, desde o início das investigações, que duraram dois anos, 50 toneladas de cocaína foram apreendidas.
Ao todo, 670 policiais federais e mais 30 servidores da Receita Federal participam da ação.
Investigação
Segundo a PF, a investigação aponta que os dois portos mais usados pelos traficantes eram os de Santos, no litoral paulista, e de Paranaguá, no litoral do Paraná. A droga, ainda de acordo com as as investigações, era enviada, em grande parte, para a Europa.
O esquema de lavagem de dinheiro, ainda conforme a PF, envolvia multimilionários no Brasil e no exterior com uso de várias interpostas pessoas, conhecidas como laranjas, e empresas de fachada, com o objetivo de dar aparência lícita ao lucro do tráfico.
Entre as empresas de fachada usadas por eles havia postos de combustíveis, pousadas e empresas de compra e venda de imóveis e de veículos.
De acordo com o coordenador do operação, Sérgio Luís Stinglin de Oliveira, o principal alvo da operação foi identificado na Europa. Segundo Oliveira, ele é brasileiro e possui um patrimônio “gigantesco”. A partir da prisão dele, foram identificados sete grupo que atuavam no esquema no Brasil.
“São dois grupos que fazem a logística da colocação da cocaína no Porto de Paranaguá: um grupo de logística de transporte sediado em São Paulo, outro grupo que atuava, principalmente no transporte aéreo, que era sediado em São José do Rio Preto, outro grupo em Natal, que era especializado no envio de cocaína para a Europa através de reacações de pesca”, detalhou.
O coordenador também citou grupos que atuavam em outros estados de formas diferenciadas para tentar ocultar o crime.
A Receita Federal disse que as investigações iniciaram a partir de uma apreensão realizada em setembro de 2017, quando 776 quilos de cocaína, que estavam sendo exportados pelo Porto de Paranaguá com destino ao Porto de Antuérpia, na Bélgica, foram apreendidos.
A partir dessa apreensão, ainda de acordo com a Receita, a PF instaurou um inquérito policial e os dois órgãos públicos atuaram em conjunto nas investigações até descobrir a organização criminosa.
Nome da operação
O nome da operação, batizada de Enterprise, faz alusão à dimensão da organização criminosa investigada, que atua como um grande empreendimento internacional na lavagem de dinheiro e exportação de cocaína, o que trouxe alto grau de complexidade à investigação policial, explicou a PF.
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