Segundo o ex-procurador, o fim da prisão em segunda instância leva à impunidade e ainda faz com que as delações premiadas não seja vantajosas para os investigados
O ex-procurador da força-tarefa da Lava Jato e atual pré-candidato à Câmara dos Deputados Deltan Dallagnol (Podemos) avaliou neste sábado, 7, que seria “impossível” iniciar uma operação de combate à corrupção. Dallagnol atribui a impossibilidade ao fim da prisão em segunda instância, o que, segundo ele, leva à impunidade e faz com que as delações premiadas não seja vantajosas para os investigados. “Neste momento é impossível uma nova Lava Jato, porque o Supremo Tribunal Federal (STF) acabou com a prisão em segunda instância e, quando você não a tem, você não tem perspectiva concreta de colocar criminosos poderosos na cadeia”, iniciou o ex-procurador. “Somos o único país com quatro instâncias e com uma grande chance de alcançar a prescrição ao longo desse tempo, isto é, do processo se encerrar em impunidade. Hoje a perspectiva de você punir uma pessoa poderosa é de quase zero. Quando você não tem uma perspectiva de punição, ninguém vai colaborar com a Justiça. Por que alguém vai reconhecer os crimes, devolver o dinheiro desviado e se submeter a uma pena, ainda que reduzida, se ele tem uma perspectiva de impunidade?”, questiona o pré-candidato a deputado.
Para reverter esse cenário, Dallagnol defende que a população escolha bem seus representantes, pois só o presidente da República tem poder para indicar um ministro do STF. “Nós precisamos de um bom Supremo Tribunal Federal e de um bom Congresso. Como você muda um Supremo? Por meio de escolha de presidentes e de uma atuação do Senado Federal. Então, se o Supremo reverteu a prisão em segunda instância, o Congresso pode restabelecer através de uma mudança na Constituição”, sugere. Na opinião do ex-procurador, a Suprema Corte tem “acabado” e “esvaziado” o combate à corrupção. “O Supremo tem funcionado, por meio de uma maioria que tem se formado lá, como um guardião do sistema corrupto, do velho sistema, das velhas práticas, ao garantir a impunidade das pessoas poderosas que estão há décadas no Brasil”, afirmou.
Fonte: Jovem Pan News
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