Colombianos decidem neste domingo, 19, o novo presidente do país; especialistas alertam que o vencedor vai ter um duro trabalho pela frente, principalmente na parte social e econômica
Os colombianos decidem neste domingo, 19, o novo presidente do país. De um lado, o esquerdista Gustavo Petro promete melhorias econômicas. Do outro, o populista Rodolfo Hernández, que não se considera um político, assegura que acabará com a insatisfação com a classe, que há tempos está presente na Colômbia. De acordo com os especialistas, esses são os dois principais problemas e as razões pelas quais candidatos da direita tradicional, bastante populares em um passado recente, não passassem para o segundo turno. “Cada um deles reúne, de maneira geral, uma insatisfação”, aponta o professor de relações internacionais da PUC, Arthur Murta.
Nas pesquisas publicadas no último dia 13 de junho, Petro e Hernández aparecem empatados. Analistas colombianos já cogitam que a eleição possa ser decidida por uma diferença de 300 mil votos caso os números se mantenham como estão. Apesar dos posicionamentos diferentes, os candidatos têm em comum o desejo de mudança. Mesmo com a eleição divida entre esquerda e direita, os especialistas explicam que a Colômbia ultrapassa a barreira da polarização.
O desejo por um presidente que cumpra suas promessas — já que o atual, Iván Duque Márquez, está totalmente desacreditado — faz a disputa ser ainda mais acirrada. Segundo as pesquisas, a vantagem de Petro no primeiro turno já foi pulverizada. Em algumas delas, Hernandez, desacreditado durante a maior parte da corrida eleitoral, é cotado como vencedor. O empresário anti-sistema virou o jogo com seu discurso combativo e chegou forte para vencer a eleição. “Ele conseguiu se comunicar com a população sendo esse candidato que combate os poderosos, que está fora da política”, pontua Murta. Eduardo Fayet, professor de relações internacionais e governamentais do Mackenzie, explica que a decrescença da estrutura do sistema politico tradicional dá vantagens para os que se apresentam como novos, o que fez a população buscar um candidato que “trará a solução para os seus problemas”.
Para Tomaz Paoliello, professor de relações internacionais da PUC, esse fenômeno do candidato desacreditado, que aparentemente surge do nada e se defende dessa forma, já virou uma cartilha. O exemplo mais clássico é o de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. Vale lembrar que Hernández é constantemente comparado ao norte-americano, empresário como ele. Ricardo Leães, professor de relações internacionais da ESPM, relembra a que o “outsider” colombiano não participou de campanhas em termos virtuais e utilizou muito o TikTok.
Os especialistas citam que o plano de governo de Hernández não é claro. Mas, de alguma forma, “ele conseguiu angariar boa parte dos votos dos setores que já votavam na direita”, destaca Leães. Apesar de se considerar um candidato de direita, o empresário defende pautas como a liberação das drogas e o aborto. Além disso, prometeu reestabelecer relações diplomáticas com a Venezuela e reconhecer Nicolas Maduro como seu presidente. Para o catedrático, isso “acabaria produzindo uma mudança muito significativa em termos de relações internacionais”. “Podemos esperar algumas surpresas que acabem impactando os demais países da região.”
No coman cuento. Aquí les dejo 20 diferencias que tengo con el Uribismo:
1.En mi gobierno voy a reactivar el campo, dejando atrás las políticas neoliberales y la violencia que nos dejaron en el atraso, acabaron la autosuficiencia alimentaria y obligaron a la gente a desplazarse
— Ing Rodolfo Hernandez 🇨🇴! (@ingrodolfohdez) May 31, 2022
Uma conquista inédita está em busca nesta eleição: a chegada da esquerda ao poder. A Colômbia já elegeu candidatos com ideias progressistas no passado, mas nunca um ligado a movimentos sociais e de origem popular como Gustavo Petro. Essa já é a terceira vez que ele disputa a presidência, sendo que na última ficou em segundo lugar. Caso ganhe neste ano, conseguirá algo nunca presenciado. “Se a esquerda for para o poder, vai ser uma virada interessante para observarmos como setores empresariais vão se portar”, observa Arthur Murta. Entretanto, quando se fala na vitória de Petro, existe uma divisão de pensamento entre os especialistas. Para Ricardo Leães, é preciso esperar para ver “se o resultado vai ser bem aceito ou se será contestado”. Ele relembra que a Colômbia tem um histórico de “assassinar candidatos de esquerda” e que, durante o primeiro turno, Petro “precisava utilizar coletes à prova de balas e andar com segurança devido ao cenário perigoso”.
Há uma preocupação sobre como os grupos paramilitares vão se comportar, já que um dos planos do governo de Petro é combatê-los — e também as forças armadas não estaduais. “Se ele vencer a eleição, poderá haver uma espécie de terceiro turno”, alerta Leães. Arthur Murta acredita que o ex-guerrilheiro conseguirá assumir o poder, apesar da possibilidade de manifestações. “A esquerda já conseguiu ter maioria no Congresso”, lembra o professor. “O cenário que temos agora é a esquerda dando sinal de avanço desde 2021. Quem pode ter mais dificuldade para governar é a direita”, acrescenta. Eduardo Fayet também defende que Petro vai assumir o cargo se eleito. O que pode acontecer, conforme o tempo passe, é uma instabilidade política maior na Colômbia “caso ele consiga ou não incrementar algumas ações relativamente rápidas e efetivas”.
Independentemente de quem vencer a eleição no domingo, os desafios vão ser grandes no próximos anos. “A Colômbia está passando por uma crise política, social e econômica”, explica Murta, apontando que o país enfrenta um processo de desaceleração econômica e está com alto índice de desemprego e pobreza. “O novo presidente precisa pensar: qual o local de inserção internacional da economia da Colômbia hoje?” Eduardo concorda. Para ele, o eleito precisará gerar renda e emprego para a população para conseguir investir “em uma mudança estrutural razoável”.
O segundo desafio está relacionado à parte social, agravada pela pandemia de Covid-19 e o aumento do índice de desigualdade. “O tecido social político da Colômbia também está rompido. O próximo presidente vai precisar costurar”, prevê Murta. Um terceiro ponto que precisará ser trabalhado é a questão da paz, uma pauta importante neste país. “Qualquer presidente colombiano tem desafio de colocar fim em um conflito de muitas e muita décadas”, explica Ricardo Leães. Para ele, é urgente que a Colômbia consiga que os grupos paramilitares e guerrilheiros deponham suas armas e o país alcance “certa normalidade”.
O professor também fala sobre a necessidade de o governo voltar a ter controle sobre todo o território, fazendo com que não haja mais “risco de que grupos insurgentes exerçam um papel maior do que devem exercer”. Eduardo complementa informando que podemos considerar esse desafio como uma “estabilidade social” e que ela deve ser desdobrada em três fatores importantes: acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), não gerar uma reação popular no sentido de contestação das decisões presidenciais e combate à violência policial. “Esses três aspectos juntos é uma forma de melhorar a maturidade da democracia colombiana, que ainda é jovem.”
No coman cuento. Aquí les dejo 20 diferencias que tengo con el Uribismo:
1.En mi gobierno voy a reactivar el campo, dejando atrás las políticas neoliberales y la violencia que nos dejaron en el atraso, acabaron la autosuficiencia alimentaria y obligaron a la gente a desplazarse— Ing Rodolfo Hernandez 🇨🇴! (@ingrodolfohdez) May 31, 2022
Fonte: Jovem Pan News
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