Professor Alberto Pfeifer avalia reflexos da vitória de Gustavo Petro no Brasil, mas explica que não há grandes conexões entre os países
A população da Colômbia elegeu neste domingo, 19, pela primeira vez, um candidato de esquerda à presidência. Economista e ex-guerrilheiro, Gustavo Petro recebeu 50,49% dos votos, frente 47,27% de Rodolfo Hernández, nome da tradicional direita colombiana. Na avaliação de Alberto Pfeifer, coordenador geral do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo, o resultado demonstra uma “eleição de minoria” e reflete um desencanto da população com o processo eleitoral. “São quase 40 milhões de eleitores e Gustavo ganhou com 11 milhões de votos. Similar ao que aconteceu no Chile e representa a eleição da minoria nos processos e regimes democráticos contemporâneos. A minoria escolhe pela maioria”, avaliou o professor, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News.
Na visão de Alberto Pfeifer, a intensa polarização criada entre Petro e Hernández justifica esse desencanto com o processo eleitoral. Agora, segundo ele, caberá que as ideias da esquerda sejam “testadas” pela primeira vez na Colômbia e as perspectivas não são claras. “Esse é o grande enigma, a grande interrogação. No Brasil, México, Argentina, a presença da esquerda é algo que faz parte do cenário político, do cenário eleitoral. Na Colômbia não. Então, as perspectivas são bastante inseguras quanto ao que acontecerá. A Colômbia tem tido um manejo macroeconômico muito estável. É membro da OCDE, não teve problemas de inflação nas últimas décadas e há uma dúvida quanto a capacidade dos atuais gestores econômicos de seguirem conduzindo o país”, afirmou o coordenador.
Quanto aos impactos no Brasil, o professor Alberto Pfeifer foi direto: embora não haja um grande envolvimento entre as potências latino-americanas, é preciso observar as relações e acordos internacionais futuros a serem firmados pelo governo de Gustavo Petro, especialmente com Estados Unidos e China. “O cenário na Colômbia, o cenário interno, é bastante agudo ainda. Há setores ligados à criminalidade organizada, ao narcotráfico, setores ligados à guerrilha ideológica. Não é perspectiva ainda muito certa, esperamos que, considerando também o relacionamento muito próximo com a Venezuela, que deve ser estreitado, que talvez tenhamos dificuldades com relação ao crime organizado naquele país”, finalizou.
Fonte: Jovem Pan News
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