Pesquisadores da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, desenvolveram um novo tipo de plástico que, quando descartado, se degrada em cristais de açúcar, praticamente anulando a sua agressividade ao meio ambiente.
Plásticos em geral são uma excelente forma de armazenar variados tipos de conteúdo, mas eles também são péssimos para o meio ambiente devido ao seu altíssimo tempo de degradação natural – a decomposição de um plástico comum leva, em média, 450 anos. Considerando que o material foi inventado em 1907, na prática, isso significa que o primeiro contêiner plástico da história poderia muito bem existir em algum lugar.
O novo plástico, no entanto, é feito a partir de resíduos vegetais – lignina, o polímero que compõe as partes mais duras das plantas, para ser exato – e é tão resistente quanto o material que você vê em garrafas PET. A natureza vegetal dele traz o benefício de torná-lo altamente reciclável por meio de processos químicos, ou então sua degradação natural resultar em resíduos que não agridem a natureza.
“Ao usarmos um diferente [tipo de] aldeído – ácido glioxílico ao invés de formaldeído –, nós pudemos simplesmente ‘cortar’ os grupos mais ‘pegajosos’ de ambos os lados das moléculas de açúcar, o que faz com que elas atuem como tijolos de plástico”, disse Lorenz Manker, autor primário do estudo. “Aplicando essa técnica simples, conseguimos converter até 25% do peso do resíduo agrícola – ou 95% do açúcar puro – em plástico”.
Em testes, o composto resultante deste método mostrou todas as qualidades inerentes ao plástico comum: ele resiste a temperaturas até 100 ºC, resistência à tração de até 77 megapascals (MPa), rigidez de até 2.500 MPa, além de assegurar barreiras bem robustas contra o oxigênio e o vapor d’água. Mais além, o novo plástico amigável ao meio ambiente é versátil, podendo ser usado para criar papel-filme (para embalagens), fibras para uso na indústria têxtil e até filamentos para impressoras 3D.
Seu descarte também é bastante simplificado: caso queira reciclá-lo, é só usar o mesmo processo de reaproveitamento do plástico comum – mas aqui, menos energia será necessária. Seu despejo em aterros sanitários também não deixa microplásticos para trás (já falamos aqui sobre o tamanho desse problema), preferindo reverter-se às moléculas de açúcar de onde ele nasceu.
Claro, ainda há alguns obstáculos a serem superados para que ele seja produzido em massa, mas os especialistas por trás da pesquisa afirmam que todo o mercado vem se preocupando em desenvolver soluções mais sustentáveis, citando exemplos de estudos paralelos conduzidos por empresas como Coca-Cola e Lego. Para eles, é questão de tempo até que alguém se interesse mais pela nova criação.
“Este plástico tem propriedades muito empolgantes, especialmente no que tange ao embalamento de comidas”, disse Jeremy Luterbacher, outro autor do estudo. “E o que faz deste plástico algo único é a presença de uma estrutura de açúcar intacta. Isso faz com que ele seja extremamente fácil de fabricar, já que você não precisa mudar o que a natureza lhe oferece, e é simples de se descartar pois ele pode voltar a ser uma molécula que já é abundante no meio ambiente”.
O estudo completo está disponível no jornal científico Nature Chemistry.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Fonte: Olhar Digital
Comentários