Um grupo de arqueólogos no coração do deserto de Negev, em Israel, encontrou um cemitério que data de cerca de 2500 anos atrás em uma encruzilhada de importantes rotas comerciais da época. Em dois túmulos, foram encontrados pelo menos 50 esqueletos.
Os túmulos foram encontrados em 2021 durante uma pesquisa arqueológica realizada na região antes da construção de um sistema de transporte de água. Diferentes das outras tumbas encontradas em Negev, que são arredondadas, essas duas câmeras possuem um formato quadricular, possuindo 7 por 7 metros, e 4,5 por 4,5 metros.
O local onde eles foram encontrados era o encontro de duas rotas comerciais que ligavam o Egito à Wadi Arabah, uma região do deserto de Negev, e outra que ligava o sul da Jordânia à Península Arábica.
Era comum que durante o trajeto pelas rotas, algumas pessoas morressem, seja por doenças ou violência. O enterro nas encruzilhadas se deve ao fato delas serem vistas como um local de santidade, com uma importância ritual e religiosa. As posições dos mais de 50 esqueletos indicam que eles foram movidos para outros enterros serem realizados no local, tendo sido usados por muito tempo.
De quem eram os esqueletos?
Além dos restos mortais, nos túmulos também foram encontrados diversos artefatos da região ao redor do Mediterrâneo Ocidental, do sul da Arabia e do Egito que datam do século 6 a 5 a.C. Apesar de serem necessárias mais análises quanto aos esqueletos encontrados no local, alguns dos artefatos sugerem que eles pertenciam a mulheres adultas
Elas teriam sido compradas em Gaza ou no Egito para serem enviadas para Arabia vendidas como noivas ou prostitutas sagradas, visto registros antigos que confirmam o tráfico de pessoas para esse fim.
Os túmulos foram preservados e restaurados para continuarem a ser estudados pelos pesquisadores, e poderá preencher uma lacuna do registro histórico da região.
Sabemos muito sobre o comércio entre o sul da Arábia e o sul do Levante durante meados do primeiro milênio aC, mas a maioria de nossas evidências ainda vem do registro escrito, particularmente de fontes da época greco-romana que datam muito depois deste enterro. Esta escavação está expandindo enormemente nosso conhecimento sobre esta antiga rede comercial.
Juan Manuel Tebes, historiador argentino não envolvido no estudo, em resposta a LiveScience
Fonte: Olhar Digital
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