Pesquisadores da USP identificaram enzimas na saliva da mosca Pseudolycoriella hygida que podem servir de pontapé para o uso dela nos campos de biocombustíveis e biotecnologia, voltados para energia sustentável.
Para quem tem pressa:
O estudo, divulgado pelo Jornal da USP, encontrou, na saliva da mosca, 137 enzimas especialistas na degradação de paredes celulares de plantas e fungos. Essas enzimas são conhecidas cientificamente como CAZymes – enzimas ativas em carboidratos.
Esta foi a primeira vez que uma pesquisa descreveu CAZymes em mosquitos da família Sciaridae, composta de espécies de insetos cuja fase larval ocorre principalmente no solo, onde se alimentam de material vegetal parcialmente decomposto.
Mosca e energia sustentável
Para o professor Richard John Ward, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, o estudo tem potencial para aplicações biotecnológicas graças à função de degradação da biomassa vegetal presente na saliva desta mosca.
É que essa degradação serve para liberar açúcares que podem ser utilizados em processos fermentativos para a produção de biocombustíveis e insumos sustentáveis para a indústria química, conforme explicou o professor.
As CAZymes identificadas na saliva da mosca confirmam seu potencial para digerir polissacarídeos (carboidratos considerados polímeros naturais) da parede celular das plantas.
Essa capacidade, avaliam os pesquisadores, transforma o inseto em um dos protagonistas no ciclo de carbono – um ciclo biogeoquímico no qual o elemento carbono passa da atmosfera para os organismos vivos, retornando, após a decomposição, para a atmosfera.
Por isso, as substâncias presentes na saliva desta mosca também desempenham papel importante para o meio ambiente. Elas favorecem a recaptação de carbono e a mineralização do solo.
O trabalho foi realizado pelo pesquisador Vitor Trinca, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, e sua orientadora, a professora Nadia Monesi, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP. Os resultados do estudo, que faz parte do projeto de doutorado de Trinca, foram publicados na revista iScience.
Fonte: Olhar Digital
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