Detalhes das estratégias do Google estão vindo à tona como parte de um julgamento antitruste que começou em setembro nos EUA. O caso ofereceu um vislumbre raro de como o Google solidificou seu status como uma grande porta de entrada para a internet, posição que o Departamento de Justiça estadunidense afirma que a empresa manteve por meio de acordos ilegais e restritivos.

Para quem tem pressa:

O Wall Street Journal publicou nesta terça-feira (26) que, de acordo com evidências apresentadas no julgamento, o caminho do Google para dominar as buscas online incluiu táticas agressivas com a Apple e a Samsung, dois parceiros essenciais para tornar o mecanismo de busca padrão na maioria dos smartphones em todo o mundo.

Google e o julgamento antitruste

Ilustração de barra da busca do Google
(Imagem: Divulgação/Google)

As evidências apontam que o Google aproveitou sua vantagem em conversas com a Apple e outros parceiros, mostrando os tipos de táticas que usou para manter sua participação de mercado nas buscas. A empresa defendeu a posição de mercado de seu mecanismo de busca, argumentando que seu produto é superior.

O Google facilita cerca de 90% de todas as buscas online, o que lhe confere uma visão sem concorrência sobre o comportamento de navegação na internet de bilhões de pessoas. Seu mecanismo de busca suporta um negócio de publicidade que gerou US$ 162 bilhões (aproximadamente R$ 806 bilhões) em 2022, a maior parte da receita da sua controladora, a Alphabet.

O caso do Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) gira em torno dos contratos do Google com a Apple e outros fabricantes de telefones para direcionar automaticamente as pessoas para seu mecanismo de busca.

Confira abaixo uma linha do tempo que resume a trajetória do Google:

Um porta-voz do Google apontou para uma declaração anterior dizendo que a empresa concorre pela posição padrão para que os usuários possam acessar facilmente seus serviços. E a Apple afirmou que escolhe o Google porque é o melhor mecanismo de busca.

O processo

Celular com logotipo do Google e martelo de tribunal de Justiça no fundo
(Imagem: Ascannio/Shutterstock)

O DOJ apresenta as evidências primeiro no caso, que será decidido em um julgamento sem júri pelo juiz distrital dos EUA, Amit Mehta – que poderia, em última instância, ordenar uma divisão ou outras mudanças nas práticas comerciais do Google.

Mehta permitiu censuras e sigilo dos registros do julgamento, o que significa que o público tem apenas uma visão limitada da extensão completa do que foi apresentado ao juiz.

O julgamento recomeça na terça-feira com o depoimento de Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços da Apple. O CEO do Google, Sundar Pichai, deve testemunhar, assim como alguns executivos da Microsoft. O Google vai apresentar sua defesa a partir de outubro.