Mato Grosso do Sul está em ascensão na arrecadação de tributos ao longo deste ano, e a perspectiva é de continuidade desse crescimento até 2024. Analistas econômicos afirmam que a ativação de grandes projetos e a Rota Bioceânica trarão benefícios significativos para a economia do Estado.
De janeiro a agosto, os dados do boletim de arrecadação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) revelam um montante de R$ 12,848 bilhões em tributos recolhidos. Este é o melhor desempenho em 24 anos para o período, desde o início da série histórica em 1999.
Nos primeiros oito meses deste ano, a arrecadação foi R$ 933 milhões superior ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 11,915 bilhões. Isso representa um aumento de 7,83% desde o início do ano, estabelecendo um recorde de receitas fiscais.
O economista Eduardo Matos atribui esse aumento exponencial ao atual momento econômico do Estado. Ele prevê que esse cenário positivo continuará, especialmente considerando o potencial ainda a ser explorado nos próximos anos.
De acordo com Matos, muitos dos grandes investimentos privados ainda não atingiram sua capacidade plena, o que indica que a produção e, por consequência, a arrecadação de impostos, tendem a aumentar nos próximos anos, principalmente no que se refere ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Crescimento Sustentável em 2024
As projeções indicam que Mato Grosso do Sul deverá alcançar uma receita de R$ 25,488 bilhões em 2024. Isso representa um aumento de 15,70% em relação ao previsto para este ano, que é de R$ 22,030 bilhões, conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) já aprovada.
O mestre em Economia Lucas Mikael aponta que o setor agroindustrial, o avanço das commodities e a agroindustrialização foram os principais impulsionadores desse crescimento robusto. Investimentos bilionários anunciados no Estado, especialmente no setor agroindustrial, reforçam o potencial tributário para 2024.
Investimentos e Infraestrutura
Projetos de grande envergadura, como as fábricas bilionárias de celulose Cerrado (da Suzano) e Sucuriú (da multinacional chilena Arauco), estão entre os maiores investimentos industriais projetados até o fim da década.
Além disso, o avanço das obras da Rota Bioceânica promete impulsionar a movimentação de cargas em Mato Grosso do Sul, demandando infraestrutura adicional, como abastecimento, alimentação, estadia e serviços correlatos. Essa expansão na movimentação de cargas terá um efeito multiplicador em toda a economia, incentivando uma nova onda de grandes investimentos, desta vez focados em logística e infraestrutura.
O diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Mato Grosso do Sul (Sindifisco-MS), José Carlos Gomes, concorda com as previsões otimistas, mas destaca que a reforma tributária pode influenciar nos resultados do próximo ano.
Desempenho Tributário
De acordo com o Confaz, no oitavo mês do ano, foram recolhidos R$ 1,605 bilhão em tributos no Estado. Em comparação com o mês anterior, agosto teve o quarto maior recolhimento tributário do ano, com um aumento de 4,42%.
O ICMS continua como a principal fonte de receita do Estado, representando 82,97% do total arrecadado, o que corresponde a R$ 10,660 bilhões no acumulado deste ano. O IPVA atingiu R$ 941,561 milhões de janeiro a agosto, correspondendo a 7,33% das receitas.
Outros tributos acumularam R$ 946,181 milhões, representando 7,36% do total recolhido até o oitavo mês do ano. Por último, o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD ou ITCMD) contribuiu com R$ 286,477 milhões, ou seja, 2,23% do total arrecadado.
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