Sexta-feira, Setembro 20, 2024
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Entenda por que o Hamas se radicalizou e foi de partido político a grupo extremista sanguinário

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O grupo terrorista Hamas ganhou destaque na imprensa do mundo inteiro depois que atacou Israel no dia 7 de outubro, em sua mais bem elaborada operação. O ataque desencadeou em uma guerra que já passa de uma semana e deixou mais de 3.000 mortos, em Israel e na Faixa de Gaza, e cerca de 500 mil refugiados internos. Mas, quem é esse grupo que conseguiu atacar, sem nenhuma interferência, o país que possui um dos melhores esquemas de segurança do mundo? O Hamas inicialmente surgiu como um representante do povo Palestino e até já ganhou uma eleição, mas de uns anos para cá passou a atuar de forma mais radical, tanto que um dos seus objetivos centrais é acabar, não só com o Estado de Israel, a qual ele não reconhece, como extinguir os judeus.

Em entrevista ao Portal da Jovem Pan, Christopher Mendonça, cientista politico e professor de relações internacional do Ibmec Belo Horizonte, faz uma contextualização desta organização que para alguns países é considerada como terrorista, mas para outros, incluindo o Brasil, não. “O Hamas foi criado nos anos 1980 e o objetivo principal dele era partido político, um braço político na tentativa de defender a causa Palestina”, fala o professor, explicando que essa criação se dá porque nos anos de 1940, o Estado de Israel foi oficializado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). O fato dele ter sido fundado como um partido político faz com que, mesmo que eles atuem de forma radical, existe uma divisão entre os especialistas sobre se o Hamas é ou não um grupo terrorista. “A origem dele não é de um grupo terrorista, mas com o tempo ele foi adquirindo ferramentas de tal”, explica Mendonça.

ataque do hamas a israel

O especialista também destaca que, diferente do objetivo imposto em sua fundação, que era ser representante do povo palestino, hoje eles já não fazem mais essa função. “Mahmoud Abbas, que é o chefe da autoridade Palestina e, portanto, representa de uma forma o povo palestino, disse nesta semana que não concordam de forma nenhuma com a maneira com a qual o Hamas tem executado o seu objetivo”, relembra o Mendonça. “Me parece que, embora o Hamas hoje seja a representação do povo palestino, eu acredito que há uma incongruência muito grande frente ao desejo dessas pessoas”, acrescenta. O professor explica que na Faixa de Gaza existe aproximadamente 2 milhões de palestinos e apenas 40 mil são militantes das causas do Hamas, o que faz com que o grupo não seja uma representação legítima da maioria do povo palestino.

Durante anos, o Hamas foi ganhando força, tanto que conseguiu realizar este ataque a Israel. Vladimir Feijó, analista internacional, doutor em direito internacional e professor da Faculdade Arnaldo, fala que, apesar de não ser todos os palestinos que concordem com a organização, sua força vem do apelo popular contra uma dominação estrangeira que não seja especificamente seguidora do movimento árabe. “Boa parte da força dele vem da própria postura de Israel, adotada depois dos ataques sofridos, de controlar as fronteiras da Faixa de Gaza, controlar a entrada de alimento e medicamento”, fala. Um dos principais jornais israelenses culpou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pelo ataque do Hamas, segundo ele a forma de atuação do governo, principalmente seu foco em assentamentos na Cisjordânia, deu força para a radicalização do grupo.

Quando a parte econômica do grupo terrorista, Feijó destaca que ele se sustenta por doações, já que a atividade na própria Faixa de Gaza é praticamente nula. “Eles contam com pessoas que vivem ao redor do mundo e que são apoiadoras desse tipo de causa, desse tipo de existência, de uma entidade militarizada que defenderia uma luta direta contra Israel”. Karina Calandrin, colaboradora do Instituto Brasil-Israel e doutora em relações internacionais, com foco em Oriente Médio, também pontua outro fator que faz com que o Hamas tenha recursos: financiamento externo. “A Autoridade Nacional Palestina, que é o representante reconhecido internacionalmente do povo palestino nos territórios, recebe financiamento para, obviamente, lidar com as questões sociais, só que governo operante da Faixa de Gaza é o Hamas, o que faz com que o dinheiro também acabe indo para ele”, explica a professora, que, assim como o jornal israelense também aponta que Netanyahu tem sua parcela de culpa no que está acontecendo.

“Quando Netanyahu volta ao poder como primeiro-ministro e permanece ininterruptamente até 2021, você vê uma política contrária a qualquer tipo de negociação, isso porque ele tem uma postura de segurança muito mais dura e visa o aumento da construção de assentamentos”, contextualiza a professora, que diz que essa forma de agir do israelense fortalece o Hamas que vimos hoje. A professora lembra que toda vez que eles atacavam, com exceção desta vez, Israel revidava e isso fazia com que a popularidade Netanyahu aumentasse, porque ele era visto pela população israelense como uma figura muito hábil em conseguir lidar com as questões de segurança e as ameaças que o Israel enfrenta. “Netanyahu se aproveitava dessa situação dos ataques do Hamas como forma de aumentar sua popularidade”, diz Calandrin. Vladimir acrescenta dizendo que “esse tipo de violência acaba servindo como uma arma midiática que os radicais do outro lado usam para justificar a sua ação”.

É exatamente isso que fez com que o Hamas se fortalecesse, porque “toda vez Israel revida, o Hamas consegue divulgar internacionalmente, na mídia internacional, os abusos de Israel e conquistar pessoas a favor da causa do Hamas”, fala a especialista, dizendo que essa é uma “situação complicada e uma relação que se retroalimenta”. Neste momento, com o ataque do grupo terrorista, visa manchar a imagem israelenses para conseguir trabalhar em seu objetivo maior de colocar um fim ao Estado de Israel enquanto o Estado judeu. “Eles querem o fim do Estado de Israel e, se possível, o fim do povo judeu. Eles não têm intenção em negociação, eles não têm intenção em dois estados para dois povos”, finaliza Calandrin.

Fonte: Jovem Pan News

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