Há dias, negociações têm acontecido para realizar a abertura da fronteira de Rafah e liberar a entrada de ajuda humanitária e a saída de cidadãos estrangeiros do enclave palestino. Contudo, a situação ainda segue em um impasse, enquanto civis sobrem com os bombardeios e a crise humanitária que atinge a região. Nesta segunda-feira, 16, o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shukry, demora na abertura se dá por causa de Israel, que ainda não deu permissão para a abertura da passagem fronteiriça entre seu país e a Faixa de Gaza. “Falei com o enviado da ONU (sobre uma permissão israelense), mas até agora nada de novo na posição israelense. Isso é muito grave”, disse Shukry em entrevista coletiva ao lado da ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, que está no Egito para discutir a crise desencadeada pelo ataque do Hamas ao território israelense na semana passada e pelo cerco e bombardeio localizado em Israel na Faixa de Gaza.
Em um tom mais difícil do que veio usando até agora, o ministro egípcio destacou que seu país está “totalmente disposto a enviar ajuda e facilitar a saída de estrangeiros” de Gaza, e disse esperar que “em breve haja uma solução para o assunto”. “A situação atual não pode continuar assim, as práticas (de Israel) excedem todos os princípios do direito humanitário internacional”, acrescentou. Shukry destacou que seu país trabalha “desde o início” para que a passagem fronteiriça, que recebeu vários ataques em seus arredores no início da retaliação israelense, “esteja operacional” e que também coletou “grandes pedaços de ajuda” para ingressá-la no território. A demora no posicionamento de Israel pode ser explicada pelo seu medo de que possa haver a infiltração de integrantes do Hamas ou a passagem de armas para que eles continuem seus ataques contra a seu território.
O ministério francês, por sua vez, informou que ainda é necessária a aprovação israelense tanto para a entrada de ajuda quanto para a saída de estrangeiros em Gaza, algo que países como Egito, Estados Unidos e França estão negociando. “Vimos que a licença (aprovação) não chegou feita e novos esforços com as autoridades israelenses para que entre a ajuda humanitária”, disse Colonna. Fontes de segurança egípcias demonstraram interesse em abrir nesta segunda uma passagem de Rafah, que liga a Faixa de Gaza à península egípcia do Sinai, para a entrada de ajuda humanitária e a saída de estrangeiros do enclave palestino. O país árabe condicionou a abertura da fronteira para a saída de estrangeiros residentes em Gaza à autorização para a entrada de ajuda humanitária a 2,2 milhões de moradores de Gaza isolados e bloqueados no pequeno território. O conflito entre Israel e Hamas completou dez dias nesta segunda e já deixou mais de 4.000 mortos e mais de um milhão de deslocados internos. Em Gaza os mortos ultrapassaram 2.750, sendo o maior número da história do enclave – que já contabiliza mais mortos do que no conflito de 2014, que durou 55 dias. Em Israel, mais de 1.400 pessoas morreram, a grande maioria civis, devido ao ataque do Hamas no último dia 7 de outubro, o que representou o pior massacre da história do país.
Dentre os estrangeiros que aguardam para deixa a Faixa de Gaza, está um grupo de brasileiros. Segundo as últimas informações do Itamaraty, são 32 pessoas, sendo 22 brasileiros, sete palestinos portadores de RNM (o Registro Nacional de Imigração: são estrangeiros com visto temporário ou com visto de autorização de residência) e mais três palestinos parentes próximos. Dezesseis dessas pessoas – quatro homens, quatro mulheres e oito crianças – foram deslocadas para Rafah, onde passaram a noite de sábado para domingo em um imóvel alugado pelo Itamaraty. Elas estavam na Cidade de Gaza, onde se abrigaram em uma escola — a Rosary Sisters School, que fica na periferia da capital, ao sul — durante os primeiros dias da ofensiva de Israel. As outras 16 pessoas – dois homens, cinco mulheres e nove crianças – são moradoras de Khan Yunis e aguardam a liberação em suas casas. A cidade fica a poucos quilômetros de Rafah.
Desde sexta-feira, 13, o avião presidencial VC-2, que tem capacidade para transportar até 40 passageiros, aguarda em Roma, na Itália, a autorização para decolar para o Egito e buscar os brasileiros que vão ser repatriados, contudo, para que isso aconteça, é necessário que a fronteira seja aberta. No final de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, e Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito, para tentar acelerar o processo.
*Com informações da EFE
Fonte: Jovem Pan News
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