Os riscos da guerra no Oriente Médio dissipar para outras regiões fronteiriças de Israel aumenta a cada dia e ficou iminente neste final de semana, quando a situação tensionou depois que o grupo terrorista libanês Hezbollah — considerado muito mais poderoso que seu aliado palestino — lançou nove mísseis ao território israelense, partindo da cidade de Ayta a-Shaab, sul do Líbano. Uma pessoa morreu e outras três ficaram feridas. O Exército de Benjamin Netanyahu respondeu, mas afirma que não quer entrar em guerra com os terroristas libaneses. Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, divulgou um vídeo dizendo que não há interesse de Tel Aviv iniciar um novo conflito, mas advertiu os extremistas para as consequências. Além dos ataques realizados pelo Hezbollah e lançamentos feitos por integrantes do Hamas da fronteira norte, divisa de Israel e Líbano, a Síria também relatou ataques em seu território feito por parte do Exército israelense. O ocorrido inclusive chegou a deixar os principais aeroportos do país fora de serviço.
Na sexta-feira, 13, bombardeios atingiram os arredores de várias cidades fronteiriças no sul do Líbano. As autoridades libanesas afirmam que o bombardeio aconteceu após uma “tentativa de infiltração” em Israel. O ataque matou um jornalista da Reuters e mais de 900 pessoas já tiveram que deixar suas casas em áreas do sul do Líbano por causa da violência dos últimos dias na região. Apesar do primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, informar que seu país não tem interesse em se envolver neste conflito que acontece desde o dia 7 de outubro, o Hezbollah, um grupo terrorista, demonstra querer fazer o contrário e cada dia mais se mostra disposto a lutar quando for preciso. A capacidade da militar do Estado é muito menor do que a do grupo.
Especialistas ouvidos pelo Portal da Jovem Pan dizem que esse acontecimento, e tal ação, preocupa a comunidade internacional. “Sabemos que ao norte de Israel tem um país importante, que é o Líbano, que também é um inimigo histórico de Israel e da criação desse estado nos anos 1940. E dentro do território libanês há um grupo extremista aos moldes do Hamas chamado de Hezbollah”, explica Christopher Mendonça, cientista politico e professor de relações internacionais do Ibmec Belo Horizonte, apontando que os extremistas libaneses têm mais condições materiais (ou seja, armas e dinheiro) do que o Hamas. Caso eles entrem de verdade no conflito, deverão complicar ainda mais a vida dos israelenses. “Os líderes do grupo já informaram que, caso ocorra uma invasão por terra da Faixa de Gaza, haverá certamente o envolvimento desse grupo e talvez de até outros países que não concordem com essa movimentação”, projeta Mendonça.
Na sexta-feira, o Exército de Israel realizou sua primeira incursão terrestre na Faixa de Gaza, porém, segundo relatos, não de forma violenta. Essa primeira movimentação foi executada para procurar pelos reféns levados pelo Hamas. Estima-se que cerca de 200 pessoas estejam sob o controle dos integrantes do grupo. Vladimir Feijó, analista internacional, doutor em direito internacional e professor da Faculdade Arnaldo, fala que o envolvimento de terceiro neste conflito vai depender exatamente da força como Israel se portar e da maneira que ele realizar seus ataques. “Se insistirem em continuar com os ataques aéreos para tentar eliminar autoridades do Hamas, especificamente na faixa de Gaza, e ataques pontuais dentro do território do Líbano e eventualmente da Síria, o risco de engajamento de outros é bastante baixo”, diz o professor, acrescentando que se “houver avanço da presença em solo na faixa de Gaza, aí a gente pode ter outro tipo de circunstância”.
O especialista também pontua que, se a escalada aumentar, o mundo “sofrerá o grande teste para saber se os Estados Unidos seguirão ou não como uma superpotência com capacidade de atuar simultaneamente em diversas áreas do mundo”. Os americanos já declararam apoio a Israel e fizeram questão de dizer que eles não estão sozinhos nesta guerra, além de fornecer armamentos. Vitélio Brustolin, professor de relações internacionais da UFF e pesquisador de Harvard, lembra que o presidente norte-americano, Joe Biden, autorizou o envio de porta-aviões. O especialista explica como esse armamento funciona. “O porta-aviões é um instrumento de projeção de poder. Aquele que foi enviado pelos Estados Unidos, o USS Gerald Ford, é um aeroporto, uma ilha que pode carregar até 90 aviões de ataque”, destaca. Junto a este porta-aviões, há três destroyers com mísseis guiados, um cruzador e pelo menos um submarino. Para Brustolin, ao falar do seu apoio a Israel e anunciar o envio de armamento, os EUA estão apoiando para prevenir que outros atores, como Irã, Hezbollah e forças do regime sírio, não entrem na guerra. Ele lembra que a organização libanesa é como se fosse o Estado dentro do Estado do Líbano.
“Eles têm 100 mil terroristas, 150 mil foguetes, peças de artilharia e drones. E têm capacidade de produção própria”, pontua, lembrando que o Hezbollah completou 41 anos e faz propaganda de que é autossustentável, embora receba recursos do Irã. A convocação de Israel de mais de 300 mil reservistas reforça a ideia de que uma guerra maior pode estar preste a acontecer, e os israelenses vão precisar combater em várias frentes. Christopher Mendonça afirma que um conflito naquela região traz impactos para o mundo, principalmente porque o local é muito sensível em razão da grande posse que eles têm de petróleo. “O envolvimento possível de qualquer país que ele esteja naquela região pode impactar diretamente no preço do barril de petróleo, que gera um impacto muito grande na economia mundial e também na elevação do preço do dólar, o que impacta diretamente na economia mundial”, explica o professor. Porém, para além desses problemas econômicos, também tem a questão dos direitos humanos. Como pontua Mendonça, certamente vai afetar outros conflitos que estão em curso, como a Guerra na Ucrânia.
Fonte: Jovem Pan News
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