O porta-voz do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, Ashraf al Qudra, informou nesta quinta-feira, 19, que pelo menos quatro hospitais no enclave pararam de funcionar na região comandada pelo Hamas devido aos bombardeios contínuos de Israel, que acontecem desde o dia 7 de outubro, quando a guerra no Oriente Médio começou. Em uma declaração televisiva, Al Qudra especificou que os centros de saúde afetados são os hospitais de Beit Hanun, Al Durra, Al Karama e o Oftalmológico Internacional da Cidade de Gaza. Da mesma forma, confirmou que o Hospital da Amizade Turco-Palestina, único centro que oferece serviços oncológicos em Gaza, parou parcialmente de funcionar por falta de combustível e eletricidade e algumas das suas seções, como o pronto-socorro, estão fora de serviço.
Além dos bombardeios, a região atualmente também enfrenta uma crise humanitária devido ao cerco total que Israel impôs após o ataque executado pelo grupo terrorista Hamas. Com a medida, a região se encontra sem água, eletricidade, internet ou combustível. As Nações Unidas recordam ainda que Gaza já passou oito dias consecutivos sem eletricidade e que água corrente só pode ser obtida em Khan Younis, no sul da Faixa, área para onde as forças israelenses ordenaram a concentração da evacuação. De acordo com o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), há suprimentos de alimentos na Faixa para apenas duas semanas, embora muitos deles estejam armazenados na Cidade de Gaza, de difícil acesso devido às hostilidades, enquanto os mantimentos nos mercados e feiras podem acabar antes do final desta semana.
Cerca de 3.000 toneladas de ajuda humanitária continuam à espera que as organizações humanitárias possam entrar pela passagem de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, que permanece fechada, assim como as que ligam a Faixa ao território israelense em Erez e Kerem Shalom. Na quarta-feira, 18, Israel disse que não vai impedir a entrada de ajuda humanitária pelo Egito, mas que pelo seu território só vai acontecer após a libertação dos 199 reféns que o Hamas sequestrou. O Egito concordou com a entrada de ajuda pela sua fronteira e há expectativa que de abertura aconteça na sexta-feira, 20, segundo veículo da mídia próximo dos serviços de Inteligência egípcios.
Antes do confronto começar, a região tinha mais de dois milhões de habitantes, mas, desde o dia 7 de outubro, já contabilizou 3.785 mortos, 12.500 feridos e mais de um milhão de descolados internos. Dentre as vítimas fatias estão pelo menos 44 profissionais de saúde. Outros 70 ficaram feridos pelos ataques aéreos de Israel na Faixa, muitos deles contra ambulâncias. Nesse sentido, indicou que pelo menos 23 veículos desse tipo foram completamente destruídos pelos bombardeios.
Na terça-feira, 17, um ataque a um hospital em Gaza, a qual o Hamas atribuí a Israel, mas os israelenses dizem não ter envolvimento e culpam a Jihad Islâmica, que nega participação, deixou 471 mortos e centenas de feridos. No final do seu pronunciamento, o porta-voz mostrou os corpos de quatro crianças mortas nos ataques e fez um apelo pela proteção dos civis em Gaza. Não são só os hospitais que são alvos de ataques. O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários informou que mais de 98 mil unidades residenciais, representando aproximadamente 25% do total na Faixa palestina, foram destruídas ou danificadas na atual ofensiva de Israel contra o Hamas.
Apenas na noite de 17 para 18 de outubro, um edifício residencial foi destruído em Al Bureij (centro de Gaza), onde morreram 25 pessoas, e vários outros sofreram o mesmo destino em Jabalia (norte da faixa), onde foram registradas 37 mortes, segundo as Nações Unidas. A coordenação humanitária da ONU contabiliza ainda, com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 59 ataques a instalações sanitárias, com 491 mortos (entre eles 471 no hospital Al Ahli, atingido por um míssil na terça-feira). Além disso, 170 instalações educativas também foram danificadas, incluindo 20 utilizadas pela Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (ACNUR), bem como um edifício universitário, sete igrejas e 11 mesquitas.
No final de semana, Israel ordenou que os habitantes do norte de Gaza se deslocassem para o sul da Faixa causaram o deslocamento de mais de um milhão de pessoas, das quais cerca de 513 mil estão alojadas em instalações da ACNUR, que já registrou a perda 14 trabalhadores que foram vítimas dos bombardeios e 32 ataques aos seus edifícios por parte das forças de defesa israelenses. “Os abrigos da ACNUR estão saturados, com fornecimentos limitados de alimentos, água potável e artigos de higiene. As condições extremas, juntamente com o trauma da guerra, começaram a alimentar tensões entre os deslocados”, advertiu a organização. O relatório da ONU destaca também que mais de 4.000 trabalhadores de Gaza permanecem bloqueados em Israel desde 7 de outubro, sendo que alguns deles foram detidos pelas autoridades israelenses e outros transferidos para vários abrigos na Cisjordânia. O conflito, que chegou ao seu 13º dia nesta quarta, já deixou mais de 5.000 mortos. São 3.785 pessoas em Gaza, 1.400 em Israel e na Cisjordânia, 68.
*Com informações das agências internacionais
Fonte: Jovem Pan News
Comentários