Entre as consequências da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas está o direcionamento de recursos financeiros para o conflito, ao invés da desaceleração das mudanças climáticas.
Para quem tem pressa:
O fato de que os confrontos entre Israel e Hamas estão ocorrendo em uma região rica em energia amplia os riscos voltados à luta contra o aquecimento global, conforme apontado numa reportagem do jornal The New York Times. Os países tendem a querer garantir seus suprimentos de petróleo e gás em vez de fazerem a transição para fontes de energia alternativas.
Esta guerra e seus impactos pelo mundo deixam a próxima rodada de negociações climáticas – agendada para o final de novembro nos Emirados Árabes Unidos, um estado petroleiro do Golfo Pérsico – ainda mais complicada.
Israel x Hamas: riscos à luta contra mudanças climáticas
O jornal destacou os três principais riscos que a guerra entre Israel e Hamas trazem para a luta contra o aquecimento global. Confira abaixo:
Crescimento de rupturas na cooperação
O conflito eclodiu num momento de muitas crises em um mundo já dividido. Ele ocorre após uma pandemia e em meio a uma guerra entre Rússia e Ucrânia que tem afetado as economias, levado os países a uma maior dívida, aumentado os preços de alimentos e combustíveis e agravado a fome entre algumas das pessoas mais pobres do mundo.
As tensões entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo e também os dois maiores emissores de gases de efeito estufa que aquecem o planeta, já se refletiram na política climática. Após a invasão russa da Ucrânia, Moscou e Pequim fortaleceram seus laços.
Ao mesmo tempo, a Índia está comprando petróleo com desconto da Rússia, que também corteja países na África e no Oriente Médio.
Interrupção da circulação de dinheiro
Os países ricos haviam prometido fornecer US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 500 bilhões) por ano até 2020 para ajudar os países de baixa renda a se adaptarem aos riscos climáticos e aumentarem a energia renovável. Até agora, eles não cumpriram essa promessa.
Mesmo US$ 100 bilhões seriam uma gota no oceano. Se o mundo quiser atingir a meta de manter a elevação da temperatura média global em 1,5°C até o final do século, em comparação com o período pré-industrial, estima-se que sejam necessários US$ 4,5 trilhões (R$ 22,4 trilhões) por ano em investimentos em energia renovável até 2030, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Para os defensores de energia renovável, isso faz sentido não apenas para desacelerar o aquecimento global, mas também para garantir a segurança energética.
Piora da inflação
A economia global continua lenta e um aumento nos preços do petróleo poderia complicar ainda mais os esforços dos bancos centrais para controlar a inflação.
Os funcionários do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, estão particularmente nervosos com o petróleo. Até agora, tem sido evitado um grande choque de oferta, mas é possível que ele ocorra se o conflito se espalhar para o Irã ou outros grandes produtores de petróleo próximos.
Se um choque do petróleo aumentar ainda mais as taxas de juros globais, isso tornará mais difícil atrair investimentos para projetos de energia renovável, especialmente em mercados emergentes e países em desenvolvimento.
Fonte: Olhar Digital
Comentários