Após chegar ao centro da cidade de Gaza na terça-feira, 7, em mais um avanço da ofensiva terrestre, o Exército israelense e os integrantes do movimento islamita Hamas começaram a combater nesta quarta-feira, 8, na região, localizada ao norte do território cercado. Essa ação faz com que a esperança de trégua, que já era baixa, ficasse ainda menor para centenas de milhares de palestinos encurralados pelo conflito e vítimas de uma situação humanitária desesperadora. Segundo a ONU, 1,5 milhão de pessoas foram deslocadas dentro do território em um mês. Israel prometeu “destruir o Hamas” em represália ao violento ataque contra seu território em 7 de outubro, dia em que os combatentes islamistas mataram 1.400 pessoas, a maioria civis. Entre os mortos estavam mais de 300 militares. “Gaza é a maior base terrorista que já foi construída”, disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant. Imagens divulgadas nesta quarta-feira pelo Exército israelense mostram tanques e escavadeiras avançando entre as ruínas fumegantes de Gaza. Os soldados caminham entre os prédios destruídos pelos bombardeios, enquanto as explosões prosseguem na área.
Ao menos 10.569 pessoas, a maioria civis e incluindo mais de 4.000 menores de idade, morreram nos bombardeios israelenses, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas. Na cidade de Gaza, a parte de maior densidade demográfica do território, onde bairros inteiros foram reduzidos a escombros, muitas pessoas aguardam o abastecimento de água. Um analista independente das Nações Unidas, Balakrishnan Rajagopal, declarou nesta quarta-feira que 45% das casas do território foram danificadas ou destruídas pelos bombardeios israelenses, o que ele considera um “crime de guerra”. Para os 2,4 milhões de moradores de Gaza, a situação é desesperadora após um mês de bombardeios incessantes. Ao norte, “muitas pessoas que buscavam comida de maneira desesperada entraram nas últimas três padarias que ainda tinham estoques de farinha de trigo na terça-feira”, segundo a agência da ONU, que registrou a entrada de 650 caminhões de ajuda humanitária em Gaza desde 21 de outubro, procedentes do vizinho Egito.
A ideia de um cessar-fogo também foi rejeitada pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel, que defende a adoção de “pausas humanitárias”. Na mesma linha, os ministros das Relações Exteriores do G7, reunidos nesta quarta-feira em Tóquio, apoiaram a ideia “pausas e corredores humanitários” em Gaza, defenderam o direito de Israel se defender, com base na lei internacional, porém, segundo os passo dos norte-americanos e dos israelenses, não mencionaram um cessar-fogo na região. O Hamas, considerado um grupo terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel, mantém mais de 240 reféns, sequestrados no dia do ataque e levados para Gaza. “Não haverá trégua humanitária sem o retorno dos reféns”, reiterou o ministro israelense da Defesa, apesar dos pedidos da ONU, de ONGs e de vários países por um cessar-fogo ou uma pausa nos combates, que permitiria a entrega de ajuda urgente após o corte do fornecimento de alimentos, água, energia elétrica e remédios.
Israel se retirou unilateralmente de Gaza em 2005, após 38 anos de ocupação. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou que após a guerra o país assumirá a “responsabilidade geral pela segurança” por um período indefinido, para impedir que o Hamas recupere o poder. “Não será uma ocupação”, destacou o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que Israel não deve ocupar Gaza novamente. A violência também aumentou na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, onde mais de 150 palestinos morreram em ações do Exército e dos colonos desde 7 de outubro, segundo a Autoridade Palestina.
*Com informações das agências internacionais
Fonte: Jovem Pan News
Comentários