Israel e Hamas chegaram a um acordo nesta quarta-feira, 22, para libertação de pelo menos 50 reféns em troca de 150 presos palestinos que estão em Israel e uma trégua na Faixa de Gaza. Foram dias de negociações com mediação do Catar e participação dos Estados Unidos. “O governo aprovou as linhas gerais do primeiro estágio de um acordo pelo qual pelo menos 50 pessoas sequestradas – mulheres e crianças – serão libertadas nos próximos quatro dias, durante os quais haverá uma pausa nos combates”, afirmou o governo israelense, após uma reunião que durou quase toda a noite de terça-feira. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, declarou que aceitar o acordo é “uma decisão complicada, mas é uma decisão correta”. Segundo o ‘Channel 12’ o processo de libertação vai ser dividido em cinco etapas. Primeira: entregar dos reféns para a Cruz Vermelha; Segunda: transferência dos sequestrados para as Forças Armadas Israel; Terceira: verificação médica inicial, encaminhamento para centros médios isolados em Israel e encontro com os familiares; Quarta: autoridades médicas e de defesa decidirão se alguns podem ser interrogados; Quinta: reféns vão ser interrogados pelas autoridades de segurança.
O grupo de pessoas que está envolvido na negociação é composto por 30 crianças, 8 mães e 12 mulheres. Israel publicou uma lista de 300 prisioneiros palestinos que serão considerados, sem revelar quais serão liberados. A expectativa é que na quinta-feira, 23, os primeiro reféns comecem a ser libertados, sendo 12 liberados por dia, segundo comunicado oficial do governo de Israel, que tem esperança de que, em breve, mais reféns sejam libertados. O governo de Israel estava sob pressão das famílias das quase 240 pessoas sequestradas pelo grupo islamista durante o ataque de 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses. “Estamos muito felizes”, afirmou em um comunicado a principal associação israelense de famílias de sequestrados na Faixa de Gaza, o Fórum de Reféns e de Famílias Desaparecidas. “No momento não sabemos exatamente quem será liberado nem quando”, acrescenta a nota. Desde o ataque de 7 de outubro, Israel lançou uma ofensiva contra Gaza que deixou mais de 14.000 mortos neste território palestino. Um funcionário de alto escalão da Casa Branca afirmou que entre os liberados estarão três americanos, incluindo uma menina de três anos.
Apesar do acordo, que, segundo o Catar envolve uma “pausa humanitária”, que terá o início “anunciado nas próximas 24 horas e vai durar quatro dias, com a possibilidade de prorrogação”, o governo israelense destacou que suas Forças Armadas “vão continuar a guerra para trazer de volta todas as pessoas sequestradas, eliminar o Hamas e garantir que não exista nenhuma ameaça para o Estado de Israel procedente de Gaza”. O Hamas celebrou em um comunicado o acordo de “trégua humanitária” e afirmou que seus dispositivos foram “formulados segundo a visão da resistência”, mas manteve o tom de desafio. “Confirmamos que nossos dedos permanecerão nos gatilhos”. Nos dois lados, as pessoas beneficiadas pelo acordo são mulheres e crianças, segundo o movimento islamista.
O acordo entre Israel e Hamas repercutiu no cenário internacional. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que está “extraordinariamente satisfeito” com a notícia da libertação em breve dos reféns. O acordo foi celebrado por grandes potências, como Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia. O presidente do Egito, Abdel Fatah al Sissi, que participou nas conversações, chamou a negociação de “um sucesso”. A Turquia afirmou esperar que ajuda a “acabe com o conflito”. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, celebrou o acordo como “um passo na direção correta”, mas disse que “ainda há muito por fazer”, destacou um porta-voz em um comunicado. A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, também saudou o acordo, mas reiterou o pedido de um “fim completo da agressão de Israel”.
O acordo representa um respiro para a população de Gaza, submetida a um “cerco total” por parte de Israel, que bloqueia o fornecimento de comida, água, energia elétrica e medicamentos. A ONU calcula que a guerra provocou o deslocamento de quase 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza. Uma verdadeira “tragédia” sanitária é iminente no território, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Nesta quarta, mesmo com o acordo, Israel parecia prosseguir com as operações no norte de Gaza nesta quarta-feira. Várias testemunhas citaram bombardeios durante a manhã na área do Hospital Kamal Adwan. A equipe médica atendeu os feridos no ataque, enquanto os moradores das imediações tentavam fugir em meio aos escombros. O Hamas acusa Israel de executar uma “guerra contra os hospitais” de Gaza. As autoridades israelenses argumentam que o Hamas utiliza os hospitais com fins militares e usa os civis como “escudos humanos”, o que o movimento palestino nega.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
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