De domingo, 10, até terça-feira, 12, os egípcios maiores de 18 anos vão às urnas escolher o próximo presidente do país. A disputa está entre o ex-marechal e atual presidente Abdel Fattah al-Sissi, que está no poder desde que derrubou o presidente islamista eleito Mohamed Morsi em 2013 e é o favorito para vencer, e outros três candidatos pouco conhecidos do grande público. Embora alguns observadores esperassem em um primeiro momento uma eleição mais disputada, as duas figuras da oposição que poderiam concorrer estão na prisão, ou à espera de julgamento. Nas ruas, faixas e cartazes a favor do presidente em fim de mandato estão por todo lado, enquanto as dos demais candidatos são muito raras. Com 106 milhões de habitantes, o país mais povoado do mundo árabe preparou um dispositivo eleitoral com 9.400 colégios e 15 mil funcionários públicos mobilizados durante os três dias de votação. Os resultados serão anunciados em 18 de dezembro, a menos que seja necessário um segundo turno, um cenário pouco provável considerando que Al-Sissi foi eleito em 2014 e 2018 com 96% dos votos.
A votação e a preferência de Al-Sissi acontece em meio ao mal-estar social e uma grave crise econômica. Além da questão dos direitos humanos, a prioridade principal dos egípcios é a situação econômica, com uma inflação de 40%, uma desvalorização da moeda de 50% e o desaparecimento dos financiamentos públicos sob a pressão do Fundo Monetário Internacional. O FMI espera, no entanto, realizar sua avaliação econômica trimestral após um novo empréstimo ao Egito. Trata-se, de acordo com a Bloomberg, do segundo país do mundo mais exposto ao risco de quebra. Para o centro Arab Reform Initiative, com sede em Paris, “a vitória garantida não tem relação com sua popularidade, ou com sua atuação econômica”. O presidente em fim de mandato “vencerá, porque controla as instituições do Estado e o muito temido aparato de segurança, além de ter eliminado qualquer concorrente sério”, disse a organização. Ezat Ibrahim, membro do Conselho dos Direitos Humanos – um órgão independente, cujos membros são nomeados pelo Parlamento -, desmente que as eleições estejam “vencidas antecipadamente” e assegura que este tipo de declaração quer “promover uma má imagem do Estado”.
Além dos desafios internos, outro fato que se faz presente nesta eleição é a guerra entre Israel e Hamas. O Egito faz fronteira com a Faixa de Gaza, local por onde está sendo realizada a entrada de ajuda humanitária, retirada de estrangeiros, reféns e feridos. Este conflito, afirma este centro, “ameaça a já cambaleante economia egípcia enquanto reaviva os protestos nas ruas”. Em 20 de outubro, centenas de egípcios realizaram uma marcha solidária aos habitantes de Gaza na emblemática praça Tahrir, cenário dos protestos que derrubaram o presidente Hosni Mubarak em 2011. A marcha foi rapidamente dispersada e, desde então, não foi autorizada nenhuma outra mobilização pró-palestina. Arab Reform Initiative considera que “Al-Sissi possivelmente espera que a guerra em Gaza lhe ofereça um palanque de pressão sobre o Golfo e o Ocidente”. O país, acrescenta a instituição, é um ator indispensável no conflito palestino-israelense, uma vez que busca o apoio de “doadores internacionais para aliviar a crise econômica”.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
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