O Senado Federal instalou, nesta quarta-feira, 13, a CPI da Braskem, que investiga os danos causados à cidade de Maceió, em Alagoas, devido ao colapso de minas de sal-gema da mineradora e petroquímica Braskem. A sessão foi aberta pelo senador Otto Alencar (PSD), devido ao critério de antiguidade. Em acordo, o colegiado decidiu eleger o senador Omar Aziz (PSD) como presidente da CPI e Jorge Kajuru (PSB) como vice-presidente. A possibilidade de que o relator indicado seja o senador Renan Calheiros (MDB), que é autor do pedido de abertura da CPI, foi criticada pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos), que é adversário político de Calheiros em Alagoas. Cunha cobrou Aziz para que rejeite o nome do conterrâneo: “Que fique claro que nenhum senador do Estado, como está sendo levantado aqui, será o relator da CPI. Em busca de isenção, de não colocar em cheque a credibilidade da condução desta CPI”. Ainda durante a sessão, Calheiros rebateu as críticas do parlamentar de maneira indireta.
“Tenho certeza que o presidente Omar vai escolher o relator no momento adequado, oportuno e aquele que possa melhor ajudar na investigação, que precisa ser feita urgentemente”, declarou emedebista. Diante do pedido de Cunha, Omar Aziz se manifestou, mas sem apontar qual nome deve ser seu indicado para a relatoria do colegiado: “Quem quiser votar a favor, vota a favor. Quem não quiser votar no meu nome, não vota. Eu estou como isento, até agora, mas esse tipo de conversa não via levar a lugar nenhum. Ninguém vai me impor nada aqui não. Ninguém vai me impor, como presidente desta CPI, e sobre quem eu devo, ou não, investigar. Parece que tem um lado aqui defendendo a Braskem e outro defendendo o povo, e não é por aí”.
Rodrigo Cunha é peça importante na CPI por ser aliado político do atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), principal adversário de Calheiros em Alagoas. Já Renan Calheiros é pai do ex-governador e atual ministro dos Transportes, Renan Filho, que governou o Estado na época em que foi revelado o desastre provocado pela Braskem em Maceió. Adversários de Calheiros alegam que ele não tem condições de relatar a CPI porque já foi presidente da antiga empresa que deu origem à Braskem e porque já foi investigado no esquema de propinas da antiga Odebrecht, que atualmente é dona de 38% da petroquímica sob o nome de Novonor. A empresa está em recuperação judicial e acumula R$ 15 bilhões em dívidas.
Parte dos senadores teme que a CPI se torne palco de um grande embate político de Alagoas. As primeiras sessões da CPI começam em 2024, após o recesso legislativo. Omar Aziz disse que deverá apresentar o relator até a próxima terça-feira, 19. A Braskem é investigada por provocar o afundamento do solo em bairros de Maceió após anos de extração de sal-gema na região, o que afeta 60 mil moradores da capital alagoana. Na semana passada, uma das minas colapsou.
*Com informações da repórter Janaína Camelo
Fonte: Jovem Pan News
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