Investigadores da ONU acusam Israel de cometer genocídio em Gaza

NOTA DO EDITOR: Conteúdo gráfico / Um parente lamenta os corpos dos membros da família Abu Morad, que morreram após ataques israelenses, durante seu funeral em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 24 de outubro de 2023, em meio aos conflitos entre Israel e o grupo palestino Hamas. (Foto de Mahmud HAMS / AFP)

Investigadores da ONU acusaram Israel nesta terça-feira (16) de cometer um “genocídio” em Gaza com o objetivo de “destruir os palestinos” que vivem no território e culparam o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e outros funcionários de alto escalão do país por instigar o crime. A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU (COI, na sigla em inglês), que não fala em nome da organização mundial e é alvo de duras críticas de Israel, afirma que “está acontecendo um genocídio em Gaza”, disse à AFP Navi Pillay, diretora da comissão.

“A responsabilidade recai sobre o Estado de Israel”, destacou Pillay ao apresentar o documento. A comissão, que tem a missão de investigar a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, publicou o relatório quase dois anos após o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel.

Os investigadores afirmam que as declarações explícitas das autoridades civis e militares israelenses, ao lado do padrão de conduta das forças israelenses, “indicam que atos genocidas foram cometidos com a intenção de destruir (…) os palestinos da Faixa de Gaza como grupo”. O relatório conclui que o presidente israelense Isaac Herzog, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant “incitaram a cometer um genocídio e que as autoridades israelenses não tomaram medidas contra eles para punir a incitação”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel reagiu de maneira imediata. A pasta afirmou em um comunicado que “rejeita categoricamente o relatório tendencioso e mentiroso”, e pediu a dissolução da comissão investigadora. O ministério também considera que o relatório “é inteiramente baseado nas falsidades do Hamas, branqueadas e repetidas por outros”.

A sul-africana Navi Pillay, que foi presidente do Tribunal Penal Internacional para Ruanda e juíza na Corte Penal Internacional, afirmou que os líderes israelenses mencionados “orquestraram uma campanha genocida”. Quase 65.000 pessoas morreram em Gaza desde o início da guerra, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas e que a ONU considera confiáveis. O ataque do grupo em Israel deixou mais de 1.200 mortos.

A grande maioria dos habitantes de Gaza foi deslocada pelo menos uma vez e outros deslocamentos acontecem à medida que Israel intensifica sua ofensiva para tomar o controle da Cidade de Gaza, onde a ONU declarou um cenário de fome. A COI concluiu que, desde outubro de 2023, as autoridades e forças israelenses cometeram “quatro dos cinco atos genocidas” enumerados na Convenção sobre o Genocídio de 1948.

Os atos incluem “matar membros do grupo, causar danos físicos ou mentais graves a membros do grupo, submeter deliberadamente o grupo a condições de vida calculadas para provocar sua destruição física, total ou parcial, e impor medidas destinadas a impedir nascimentos dentro do grupo”. A comissão de investigação não é uma instância jurídica, mas seus relatórios podem aumentar a pressão diplomática e servem para compilar evidências úteis para os tribunais.

De fato, a comissão concluiu um acordo de cooperação com a CPI, “com a qual compartilhamos milhares de informações”, explicou Pillay, de 83 anos, à AFP. “A comunidade internacional não pode ficar em silêncio diante da campanha genocida lançada por Israel contra o povo palestino em Gaza. Quando surgem indícios e provas claras de genocídio, a falta de ação para detê-lo equivale à cumplicidade”, enfatizou Pillay.

A ONU, como tal, não classificou a situação em Gaza como genocídio, um termo utilizado por vários governantes mundiais, como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o colombiano Gustavo Petro, o turco Recep Tayyip Erdogan e o espanhol Pedro Sánchez. Em maio, no entanto, o diretor de operações humanitárias exortou os líderes mundiais a “agir para impedir um genocídio”. Em Haia, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), a instância judicial máxima das Nações Unidas, pediu a Israel em janeiro de 2024 a adoção de medidas para evitar a execução de qualquer ato de genocídio. Por sua vez, o TPI emitiu no mesmo ano ordens de detenção contra Netanyahu e Gallant, suspeitos de crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

*Com informações da AFP

 

Fonte: Jovem Pan News

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