Ex-ministro de Lula criticou os abusos de prerrogativa dos ministros do Supremo Tribunal Federal, mas disse que impeachment ‘não é solução’
O ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PDT), considera que um possível impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal não é uma alternativa para frear a tensão no país. Segundo ele, o processo no Senado Federal “não resolveria o problema” e acabaria fragilizando mais as instituições. “Impeachment não é solução, solução é dizer ‘nas regras desse jogo tais atribuições são do Executivo e ele que responda por elas. Se nomeou ministro, delegado, se cometeu crime vai responder. Mas o Supremo não tem o direito de antecipar o julgamento de funções do Executivo. […] Ou restabelece os princípios que regem a relação entre os Poderes ou isso não tem solução”, mencionou Aldo Rebelo, em entrevista concedida ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News.
Ainda em comentou a respeito da crise entre os Poderes, o também ex-deputado criticou o inquérito das fake news, que tramita na Suprema Corte, afirmando que a censura, assim como a retirada aleatória de perfis por parte de corporações privadas nas redes sociais é “talvez mais perigoso do que a difusão de notícias falsas”. “Como se fosse um tribunal privado. Isso é muito perigoso”, afirmou o ex-ministro, que vê uma dualidade entre conter a difamação e combater a censura. “Não pode o Supremo como instituição necessária, formada e necessária, abusar das suas prerrogativas. Isso gera crises no país como a que tivemos recentemente. Como freia? Abrindo processo de impeachment? Não, você faz um, faz dois, depois o que resultou é que o poder Executivo virou poder exposto. Fragilizou o poder Executivo no Brasil.”
Questionado sobre as eleições presidenciais, Aldo Rebelo afirmou que o pleito será disputado pela “rejeição dos candidatos”, não pelo apoio. Segundo ele, com a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, dificilmente haverá uma candidatura capaz de romper a dualidade. “São os dois protagonistas que estabelecem na disputa um equilíbrio. Romper esse equilíbrio só com uma nova união de forças, que a terceira via não conseguiu estabelecer e entrou em declínio”, afirmou. Rebelo, que integra o partido de Ciro Gomes, considera que uma união da tradição política com a terceira via seria a única forma de consolidar uma candidatura competitiva. “Essa eleição vai ser disputada com base na rejeição dos candidatos. Se aumentar a rejeição dos dois, pode liberar as energias para o surgimento de uma alternativa. […] Será a eleição de rejeições. ‘Eu sou ruim e você é muito pior’”, completou.
Fonte: Jovem Pan News
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