Quinta-feira, Novembro 14, 2024
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Zambelli questiona urnas eletrônicas e fala em ‘receio’ de fraude nas eleições: ‘Existe um risco’

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Em entrevista à Jovem Pan, deputada federal também criticou o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, a quem chamou de ‘frouxo demais’, e falou de relação com Sergio Moro, seu padrinho de casamento: ‘Traidor’

Deputada federal pelo Partido Liberal (PL), Carla Zambelli é uma bolsonarista raiz. Ou melhor, uma bolsonarista de fé. Ao lado do presidente  Jair Bolsonaro (PL), ela participa de manifestações, viagens a Estados brasileiros, visitas a postos de gasolina, missas e outros eventos religiosos, como a Marcha para Jesus em São Paulo, realizada em 9 de julho. “Estamos por ele, Bolsonaro e por uma pátria cujo Deus é o senhor”, escreveu a parlamentar em uma publicação nas redes sociais. Com essa mesma fé, ela confia na reeleição do mandatário, que disputa a corrida ao Palácio do Planalto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas e principal oponente do bolsonarismo. “A gente confia que Deus está em primeira mão para a gente”, disse Zambelli em entrevista à Jovem Pan, reafirmando contínuo apoio ao governo. Tempos atrás, as redes sociais mostravam a proximidade – inequívoca – da deputada ao ex-juiz Sergio Moro, seu padrinho de casamento e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, de quem, agora, Carla quer distância. “Sempre que sofro uma decepção, peço nas minhas orações que Deus que mantenha o meu coração leve, amoroso e confiante nas pessoas. Não quero perder a confiança em ninguém porque alguém me traiu”, exalta. Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Há poucos dias o Congresso aprovou a PEC das Bondades, que prevê um pacote social de R$ 41,25 bilhões. Mesmo com amplo apoio, parte dos parlamentares falam em ação eleitoreira ou até compra de votos, uma vez que os benefícios tem validade apenas até dezembro. Como você enxerga essa avaliação? Existe um problema acontecendo com o Brasil: os governadores e prefeitos se preocuparam pouco com economia e muitas pessoas sofreram as consequências do “fecha tudo”. Além disso, a gente tem uma guerra em andamento que aumentou o preço de muita coisa. O Brasil está conseguindo controlar a inflação mais do que os outros países, mas as pessoas sentiram o aumento, então precisamos oferecer algum conforto para os vulneráveis. Na pandemia, em 2020 e 2021 [com o auxílio emergencial] não era ano de eleição, então não se falou em nada eleitoreiro. Se fosse, eles não teriam votado a favor. É só uma forma de criticar o presidente. Claro, pode ser algo positivo para a eleição, mas isso foi feito antes e será feito depois. O presidente disse que se possível for ele vai manter os benefícios no ano que vem, se for preciso.

Ainda sobre o Congresso, qual a sua avaliação sobre a gestão de Arthur Lira na Casa? Muitos deputados, incluindo os da base, admitem que ele tratora muitas votações, atropela a oposição e é visto como alguém mais poderoso que Eduardo Cunha e mais rígido que Rodrigo Pacheco. Você concorda? O regimento da Câmara é muito burocrático. Já passou da hora da gente mudar para que a oposição possa acontecer sem fazer oposição só por ser oposição e obstrução só por obstrução. As obstruções têm que acontecer para ter o devido processo e não para que a Câmara inteira pare para ouvir petista falar a noite inteira. Quando existe desrespeito por parte da oposição, o Lira é mais rigoroso, assim como é rigoroso conosco, a gente também já tomou bronca do Lira. O que acontece é que o Pacheco é frouxo demais.

Por que o presidente do Congresso é ‘frouxe demais’? As prerrogativas dos parlamentares ele não só não defende, como as ataca, quando se submete ao STF 100% do tempo. [Para instalar] A CPI da Covid-19, acatou ordem do Supremo, ele não discute os impeachments dos ministros, não defendeu um parlamentar preso sem respeitar a imunidade parlamentar. Quem deveria fazer isso é o presidente do Congresso.

Ao longo da semana, a senhora postou uma foto ao lado de Sergio Moro pelo ‘dia do amigo’. A senhora se arrepende da proximidade com ele? Ele é seu padrinho de casamento, inclusive. Se voltasse a traz e soubesse que poderia acontecer algo assim, não faria de novo. Mas, naquele momento, não tinha como prever que uma pessoa que eu tinha tanta admiração, que tinha feito tanto bem como juiz, pudesse ser uma pessoa ser caráter na vida pessoal. Tanto é que ele repete com o Álvaro Dias o que fez também comigo. É praxe da vida dele passar por cima de pessoas com quem ele tem proximidade. A gente tem que rir no final das contas, postei isso como uma brincadeira. Tive várias pessoas que passaram pela minha vida e se tornaram traidores. Sou uma pessoa que acredita nas outras pessoas, então acabo sempre me admirando com a crueldade alheia. Talvez seja um pouco de ingenuidade.

Hoje, qual a sua relação com Sergio Moro? Você votaria nele para o Senado se seu título estivesse no Paraná? Uma pessoa que trai alguém próximo pode trair qualquer pessoa. Uma pessoa pública traidora, se ela trai um amigo, um conhecido. Ele fez um discurso no meu casamento, me elogiando, elogiando o meu marido, não vi constrangimento nenhum ali. Uma pessoa que trai alguém assim, pode trair a nação, seu eleitor, qualquer pessoa. Absolutamente não votaria nele. Não tenho nenhuma relação com ele hoje em dia e nem quero ter.

A senhora ainda pensa em disputar o Senado por São Paulo? Em 2026, com certeza. Eu tinha dito que sou candidata a deputada federal desde o começo. Não fui pré-candidata ao Senado em nenhum momento, mas sempre me coloquei à disposição do presidente, caso ele achasse que precisasse de mim.

Ao longo desse processo, houve uma espécie de disputa pelo apadrinhamento do presidente Jair Bolsonaro para a escolha do candidato ao Senado por SP. Isso te causou algum mal-estar? De forma nenhuma, o mal-estar foi com a Janaína. Sempre falei a Bolsonaro que não gostaria de ir ao Senado concorrendo com a Janaína porque tenho respeito por ela, não gostaria de concorrer com uma pessoas que considerava amiga. Disse ao presidente que qualquer pessoa que ele apontasse teria o meu apoio, o Feliciano conversei com ele na Marcha para Jesus, falei: “Feliciano, se o presidente te indicar vai ter meu apoio, assim como o Marcos Pontes”. Algumas das pessoas que foram cogitadas eu não faria campanha abertamente. Não era contra, mas não faria campanha, não colocaria no meu santinho. Pessoas como o Skaf, por exemplo, que não tenho admiração política.

Também pensando nas eleições, as pesquisas indicam um segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Qual a sua avaliação deste cenário? Acredita que há riscos do presidente perder para o petista? Riscos sempre têm, até por não termos urnas 100% confiáveis. E risco sempre há porque estamos em uma democracia, as pessoas podem mudar de ideia e preferir o comunismo à democracia, então a gente corre riscos. Mas confio que o povo cada vez mais sabe quem é Luiz Inácio Lula da Silva, quem é o ex-presidiário que não foi inocentado, mas foi descondenado pelo Supremo Tribunal Federal, e o que ele quer para nós, cada vez mais ele vem se mostrando, defendendo o aborto e pessoas que cometem pequenos roubos.

Nesta semana, o presidente voltou a falar em possibilidade de fraude nas eleições, mas não há nenhum indício sobre isso. Você compartilha dessas ideias, mesmo quando instituições como STF, TSE, STJ, PF e PGR reforçando a segurança e confiança das urnas eletrônicas? Uma urna que só é utilizada em Brasil, Butão e Bangladesh, eu sou auditora de formação, sei que não é possível auditar essas urnas, sei que é possível fazer alteração de código-fonte. Conheço de transmissão de dados e sei que quando são transferidos dos municípios ao TSE os dados podem ser alterados. A gente vai ter que confiar em auditorias feitas pelo próprio TSE. Inclusive, oficiei o tribunal há duas semanas, não tive resposta ainda, sobre 39% das urnas que serão utilizadas em 2 de outubro e não foram auditadas, não foram feitos os testes de confiabilidade e parâmetros. Tenho conhecimento do vídeo, que foi apagado pelo Supremo Tribunal Federal, de um perito da Polícia Federal que encontrou formas de violação das urnas. Se a PF encontrou formas de violação da urna eletrônica em si, existe sim um risco [de fraudes]. Tenho, sim, bastante receio e acho que o povo brasileiro quer que exista transparência tanto para possibilidade de se fraudar pró-Bolsonaro e pró-Lula.

A oposição fala muito de uma ameaça de golpe no Brasil, um golpe das Forças Armadas. Queria saber, na sua visão, uma gestão das Forças Armadas seria melhor do que um novo governo do PT? Não existe previsão legal para que as Forças Armadas tomem o poder. Existe previsão dentro do artigo 142 para que as Forças Armadas sejam o poder moderador dentro da garantia da lei e da ordem. [Um golpe também está fora da cogitação?] O que pode acontecer é o artigo 142 ser colocado em prática, que nada mais seria as Forças Armadas virarem um poder moderador pontualmente para segurança nacional e garantia da lei e da ordem, mas um golpe não.

Nas redes sociais, apoiadores do presidente costumam dizer que ele será eleito no primeiro turno, mas isso não é respaldado por nenhuma pesquisa. De zero a 10, quais as chances disso ocorrer e o que o presidente precisa fazer para isso? Não acho fácil ganhar no primeiro turno. Vai ser trabalhoso, porque, infelizmente, as pessoas não conhecem a verdade do governo do presidente Jair Bolsonaro. É possível? Sim, mas para isso a gente teria contar com uma imprensa isenta, mas infelizmente não contamos com isso.

Quais as expectativas e o que deve mudar em uma nova gestão do presidente Jair Bolsonaro? Vai depender muito do Congresso que vamos eleger. Se conseguirmos uma renovação maior, podemos esperar políticas de educação contra ideologia de gênero, uma reforma administrativa com redução maior do Estado, a gente não conseguiu reduzir como gostaria. Não deve ter grandes mudanças, é continuar apostando na pauta que temos. As pautas sociais serão mais vistas em um segundo mandato.

Fonte: Jovem Pan News

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