No último domingo (8), o mundo inteiro assistiu um grave ataque à democracia do Brasil. Radicais apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se organizaram pelas redes sociais, como Telegram, para realizar um ato em Brasília contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

No entanto, o que parecia uma manifestação política se tornou um ato criminoso e terrorista. Os radicais invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), destruindo o patrimônio público e ameaçando a democracia brasileira. 

Após a retomada das sedes das instituições em Brasília, descobriu-se que o ato foi coordenado e organizado pelo Telegram, aplicativo de mensagens concorrente do WhatsApp

Prints de grupos com bolsonaristas mostram que o intuito dos radicais era invadir as sedes dos três Poderes e inviabilizar a infraestrutura crítica do país, bloqueando estradas, refinarias e aeroportos. 

Também durante o último final de semana, os criminosos chegaram a bloquear a Avenida 23 de Maio, na zona sul de São Paulo. A via dá acesso ao aeroporto de Congonhas, um dos mais importantes do Brasil. 

Durante os atos foi possível ver diversos bolsonaristas gravando vídeos e tirando fotos, muitas dessas mídias foram, inclusive, encaminhadas para os grupos do Telegram, em comemoração e com intuito de incentivar outros radicais. 

Print de grupos bolsonaristas no Telegram
Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Por que o Telegram e não o WhatsApp? 

Com esse triste episódio foi possível concluir que o Telegram é uma das principais ferramentas de comunicação dos golpistas. Nós do Olhar Digital conversamos com especialistas em redes sociais para entender o que levou os radicais a adotarem o mensageiro como canal oficial e não outras plataformas, como o WhatsApp.

Arthur Igreja, especialista em Tecnologia e Inovação, afirmou que o Telegram é mais permissivo e tolerante, além de menos interessado em checar informações que o WhatsApp. “É possível organizar melhor os disparos e os grupos.”

“Com isso, é um ambiente mais fértil para quem procura uma rede para sustentar suas teses. Na verdade, as pessoas não estão procurando a melhor plataforma, mas aquela que confirma seus ideais”, concluiu Igreja. 

Logo dos aplicativos Telegram e WhatsApp
Imagem: Shutterstock

Edney “InterNey” Souza, professor de marketing de produto da ESPM, acredita que o fato do Telegram não ter um representante legal no Brasil até pouco tempo atrás e a quantidade de pessoas permitidas nos grupos, fazem da plataforma a preferida dos radicais em detrimento de outras, como o WhatsApp. 

“A falta de fiscalização no passado e o tamanho dos grupos tornou o aplicativo preferido para a organização de ações terroristas”, afirmou.

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