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Responsável pela defesa do petista foi o escolhido para ocupar a vaga na Suprema Corte deixada por Ricardo Lewandowski; aprovação ainda depende de aval do Senado Federal
Cristiano Zanin Martins, advogado de 47 anos, será indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou o petista. Com a indicação, Zanin agora dependerá de uma aprovação no Senado Federal para ocupar a vaga deixada na Suprema Corte após a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, que deixou a mais alta instância do Judiciário brasileiro no dia 11 de abril. Formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1999 e especialista na área do direito empresarial, econômico e societário, Zanin foi projetado ao cenário político nacional após assumir a defesa do então ex-presidente Lula, em 2013, nos processos da Operação Lava Jato. Foi de Cristiano o pedido impetrado no Supremo Tribunal Federal que culminou na anulação das condenações de Lula e trilhou o caminho que devolveria ao petista seus direitos políticos após o ex-juiz Sergio Moro ser considerado incompetente e parcial nas sentenças dadas durante a Operação. A ação também permitiu com que Lula disputasse as eleições presidenciais de 2022, ao derrotar Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno e retornar ao Palácio do Planalto para seu terceiro governo.
Nascido na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, Zanin auxiliou a coordenação da campanha de Lula à presidência no último ano e, após a vitória do petista, integrou a transição do governo como responsável pela “cooperação jurídica internacional”. Desde que o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) voltou a comandar o Palácio do Planalto e ainda mais após a aposentadoria de Lewandowski, o nome de Zanin passou a figurar entre os possíveis indicados à cadeira no STF. Durante este período, as lojas Americanas contrataram seus serviços para uma disputa judicial contra o banco BTG Pactual pelo desbloqueio de R$ 1.2 bilhões de recursos da varejista. Além da área jurídica, Zanin é autor do livro “Lawfare: uma introdução”, publicado em 2019, que fala sobre “o uso estratégico do Direito para fins políticos, geopolíticos, militares e comerciais”, além de ter fundado o Instituto Lawfare, que tem como objetivo produzir conteúdos sobre o assunto e analisar casos do tema, além de ter atuado como professor de Direito Civil e Direito Processual Civil na Faculdade Autônoma de Direito (Fadisp); é membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) e da Associação Internacional de Advogados (IBA); sócio efetivo do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) e fundador do Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial (IBDEE).
Pela proximidade de Zanin com o presidente Lula, senadores e deputados passaram a questionar a indicação do chefe do Executivo ao nomear seu advogado pessoal para a cadeira do Supremo. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição na Casa, viu a indicação como “forçada” e pontuou que o movimento do petista “agride o princípio da impessoalidade”. Já Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), senador, viu a indicação como “imoral” e questionou o método de indicação dos ministros da Suprema Corte. “O que a gente precisa fazer é mudar as leis. Não pode ser o presidente a indicar [os ministros do STF], não. Vamos mudar as leis. Vai passar? Não sei, mas para a gente mudar essas imoralidades é só através de lei”, considerou. Já o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), em entrevista ao jornal O Globo, ressaltou que Zanin no Supremo seria a “obviedade das obviedades” e reforçou a fidelidade e lealdade de Cristiano ao presidente Lula: “Até os concorrentes do Zanin concordam, ele foi quem mais se credenciou”.
Em setembro de 2020, o advogado Cristiano Zanin foi alvo de um dos 50 mandados de busca e apreensão autorizados pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. O magistrado baseou sua decisão na delação do ex-presidente da Federação do Comércio (Fecomercio) do Rio de Janeiro, Orlando Diniz. No entendimento do Ministério Público Federal do Rio, a ação contra os profissionais do direito ocorreram porque os pagamentos realizados pela instituição aos escritórios de advocacia coincidem com a “aquisições de carros e imóveis de luxo no país”. Além de Zanin, as operações também avançaram sobre Frederick Wassef, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Zanin, porém, emitiu uma nota onde classificou as buscas e apreensões como “despropositado e ilegal”, além de afirmar que a decisão de Bretas seria um ataque à advocacia e uma retaliação aos seus trabalhos contra a Lava Jato – Bretas era o magistrado responsável pelas ações da Operação no Rio de Janeiro. A denúncia, por fim, acabou arquivada.
Já no mês de janeiro deste ano, o advogado foi hostilizado no aeroporto de Brasília, no Distrito Federal, após o empresário Luiz Carlos Basseto Junior filmar Cristiano Zanin no banheiro masculino e desferir ofensas em sua direção. Enquanto o profissional do direito escovava seus dentes, o opositor se aproximou com seu celular e afirmou: “Parece destino, né, cara? Pior advogado que possa existir na vida aqui ó, aqui ó. O bandido, ó. Ó, o corrupto aqui ó. Safado! Bem aqui na minha frente, é brincadeira? Não tá no aviãozinho do seu chefe não o, safado? Hein, vagabundo? Hein, vagabundo? Olha aqui é, do meu ladinho aqui ó. Como pode, né, um cara se corromper tanto assim, ó. Ó que vagabundo aqui, ó. Hein, safado! Olha aqui pra câmera aqui. Dá um tchauzinho, ó, safado. Vontade de meter a mão na orelha de um cara desse. Olha! Ó aqui, ó, safado. Tem vergonha não? Tem vergonha pelo seu país,safado. Como que você anda na rua assim, ó? Olha pra cá, safado! Tinha que tomar um pau de todo mundo que tá andando na rua. Safado!”. Após a divulgação do conteúdo, Zanin ingressou com uma uma queixa à Justiça Comum do Distrito Federal contra o empresário e pediu uma indenização de R$ 150 mil. Na ação, a qual a equipe de reportagem da Jovem Pan teve acesso, Zanin afirma que as acusações tiveram motivações políticas já que o acusado realizou declarações que fazem referência ao presidente Lula. No fim do mesmo mês, a Polícia Civil do Distrito Federal indiciou Basseto Junior pelo crime de injúria.
Fonte: Jovem Pan News
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