A FTC, órgão de regulação comercial dos EUA, acrescentou detalhes, nesta semana, para respaldar suas alegações de que a Amazon induziu assinaturas do Prime e dificultou o cancelamento. Agora, o órgão apontou executivos da empresa que estariam “confortáveis” com essa espécie de inscrição secreta dos usuários, conforme publicado pelo Wall Street Journal.

Para quem tem pressa:

Os executivos incluem dois dos líderes mais graduados da Amazon: Neil Lindsay, o vice-presidente sênior que supervisionava o Prime; e Russell Grandinetti, vice-presidente sênior de consumidores internacionais da Amazon. A FTC também nomeou Jamil Ghani, um vice-presidente da Amazon que supervisionava o programa de assinatura Prime.

Segundo o órgão, os três “desempenharam um papel fundamental” no esquema. Esses novos detalhes apresentados pela FTC também trazem mensagens internas.

A ação judicial original, apresentada em junho, alegava que a Amazon havia enganado milhões de pessoas, inscrevendo-as inadvertidamente no Prime por meio de botões apresentados durante o checkout. A empresa alegou, na época, que as acusações do órgão eram falsas.

FTC vs Amazon

Amazon
(Imagem: kovop/Shutterstock)

A reclamação alterada acusa a Amazon de usar táticas enganosas para criar um processo de inscrição no Prime que fosse fácil para os clientes acionarem acidentalmente.

Segundo a FTC, funcionários da Amazon começaram a expressar preocupações à liderança da empresa sobre essas estratégias em 2016, mas esses executivos não tomaram medidas.

Por exemplo: designers da Amazon questionaram Lindsay sobre o uso de “dark patterns” pela empresa – elementos da interface do usuário da Amazon que supostamente visam enganar os clientes para que assinem o Prime.

Segundo a ação judicial, Lindsay disse que a Amazon estava “confortável” com o uso deles. Sua explicação foi que “uma vez que os consumidores se tornam membros do Prime – mesmo sem saber – eles verão o quão bom é o programa e permanecerão como membros”.

A reclamação alterada também inclui novas mensagens internas e e-mails indicando que a Amazon e seus líderes estavam cientes do esquema. Um boletim interno da empresa diz: “A questão das inscrições acidentais no Prime é bem documentada”, enquanto admite que os clientes do Prime “se inscrevem acidentalmente e/ou não veem os termos de renovação automática”.

Uma vez inscritos, argumenta a FTC, a Amazon também criou um processo de cancelamento intencionalmente complicado. O processo foi apelidado de “Ilíada”, em referência ao antigo poema épico de Homero.

A reclamação também acrescenta que Lindsay já circulou internamente a ideia de tornar o processo de cancelamento do Prime tão fácil quanto o processo de inscrição no Prime, mas declarou que acha a ideia “assustadora”.

Outro lado

“A decisão da FTC de adicionar três líderes da Amazon ao seu processo civil contra a empresa é injustificada face aos factos e à lei”, disse um porta-voz da Amazon ao WSJ.

O porta-voz acrescentou:

Afirmar que os seus esforços foram feitos de qualquer forma que não a máxima boa-fé é infundado e representa um afastamento radical dos próprios padrões da FTC para tais afirmações.

O Olhar Digital pediu um posicionamento sobre o assunto para a Amazon do Brasil e vai incluí-lo, caso chegue.