O ex-analista de inteligência Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuou no Ministério da Justiça e Segurança Pública durante o governo de Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que sofreu pressão para produzir análises eleitorais com viés político durante o segundo turno das eleições de 2022.
O depoimento, prestado nesta segunda-feira (14), faz parte da série de oitivas da ação penal contra o núcleo dois da chamada “trama golpista”, que investiga a tentativa de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oitiva foi conduzida pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
De acordo com Clebson Vieira, ele foi orientado a cruzar dados de votação do segundo turno das eleições com territórios supostamente dominados por facções criminosas, em especial o Comando Vermelho. O objetivo seria levantar suspeitas sobre o resultado eleitoral em regiões onde Lula teve votação expressiva.
“Surgiu uma demanda daquelas, diretamente da diretora. Eu estou muito mal, mas tenho que acelerar”, escreveu o analista em uma mensagem enviada à ex-esposa no dia 21 de outubro de 2022, poucos dias antes do segundo turno. A diretora mencionada por ele seria Marília Alencar, então dirigente do Ministério da Justiça e também ré no processo.
Vieira ainda relatou que as ordens eram veladas, mas carregavam um “viés de ajuda ao governo”. Ele disse que recebeu determinação para complementar um painel de Business Intelligence (BI) destacando regiões onde Lula obteve mais de 75% dos votos — material que teria sido impresso e entregue a terceiros, mas sem identificação de destinatários.
Além de Clebson Vieira, também prestaram depoimento nesta segunda-feira:
As oitivas fazem parte das diligências solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos réus e seguem até o dia 21 de julho, podendo ser acompanhadas pela imprensa na sala de sessões da Primeira Turma do STF. O núcleo dois do processo é composto por investigados que, segundo a PGR, atuaram para alimentar a narrativa de fraude eleitoral e preparar o terreno para um golpe de Estado.
Fonte: Jovem Pan News




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