Durante 14 dias, Meta e Google agiram para que deputados mudassem seu posicionamento sobre o Projeto de Lei n° 2630 de 2020, popularmente conhecido como PL das Fake News.

A informação vem do jornal Estadão, que monitorou a pressão exercida pelas empresas de tecnologia sobre, ao menos, 33 deputados. A pressão foi para que eles mudassem seu posicionamento em relação ao pedido de urgência do projeto e ao adiamento da votação, no dia 2 de maio.

Entenda o que aconteceu:

De acordo com a reportagem, além das campanhas online contrárias ao projeto – tocadas pelo Google e Telegram – as empresas estrangeiras utilizaram lobistas para convencer deputados a recuarem.

Um dos deputados que enfrentou essa pressão por parte das big techs foi Lafayette Andrada (Republicanos-MG), que é presidente da Frente Parlamentar Mista da Economia e Cidadania Digital. Ele disse que recebeu representantes de diversas plataformas. “Google, Shopee, Youtube…. Era uma fila. Todo mundo ficou apavorado”, contou.

Meta e Google na Câmara

Visão de cima da Câmara dos Deputados do Brasil
(Imagem: Diego Grandi/Shutterstock)

A influência das big techs

Câmara dos Deputados durante votação de projeto de lei
(Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Durante as conversas com deputados de direita e da bancada evangélica, os lobistas das big techs teriam ameaçado apagar suas publicações caso o PL das Fake News fosse aprovado.

A justificativa usada pelas big techs ao influenciar os políticos era que a lei forçaria empresas a classificarem o que era fake news ou não e apagar os conteúdos considerados impróprios.

O resultado disso foram campanhas online e negociações internas contra o projeto. Foi assim:

O monitoramento da Casa Galileia em redes sociais mapeou a atuação do grupo de parlamentares que fizeram campanha contra o projeto de lei entre os dias 19 de abril e 2 de maio.

O que dizem as empresas

Procurada pela reportagem do jornal, a Meta disse que mantém contatos frequentes com parlamentares e integrantes do governo:

Nossos times se reúnem regularmente com parlamentares, representantes do governo e do Judiciário, sociedade civil e acadêmicos no Brasil e no mundo. Acreditamos que esse diálogo contínuo é importante para construção de regulações claras e consistentes para todos.

Trecho da nota da Meta

O Google disse que defende o debate sobre medidas de combate à desinformação e que as relações governamentais são baseadas na “liberdade expressão e associação”.

Todos os brasileiros têm o direito de fazer parte dessa conversa e, por isso, estamos empenhados em comunicar as nossas preocupações sobre o Projeto de Lei 2630 de forma pública e transparente. O exercício das relações governamentais está baseado na liberdade de expressão e de associação previstas na Constituição Federal e é um recurso utilizado por várias instituições e empresas envolvidas no debate sobre o PL 2630.

Trecho da nota do Google

Com informações de Estadão