O advogado de Nicolás Petro Burgos, Juan Trujillo, denunciou nesta segunda-feira, 31, “graves irregularidades” na captura do filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e lamentou a “desproporcionalidade e excessividade” do Ministério Público em sua detenção no sábado passado, já que, segundo ele, foi filmado nu. Trujillo criticou ainda o fato de, na audiência em que Petro Burgos e a sua ex-mulher Daysuris Vásquez foram formalmente detidos em Barranquilla, pelo possível crime de lavagem de dinheiro, “não ter sido convocada a defesa, que não tem forma de contestar a desproporcionalidade e o excesso do Ministério Público”. “No entanto, ontem apresentamos ao juiz algumas irregularidades graves que foram cometidas no processo de busca e apreensão, e o juiz considerou que a questão era de fato muito grave, mas necessitava de mais provas”, acrescentou o advogado em declarações à “Caracol Radio”.
Segundo Trujillo, Laura Ojeda, atual companheira de Petro Burgos, grávida de oito meses, disse que “os agentes do Ministério Público entraram no apartamento às 6h, silenciosamente, sem bater nem tocar à campainha, tanto que dizem que a mãe de Laura, que estava acordada, não ouviu nada e o cachorro não latiu”. Neste contexto, “abriram a porta do quarto de Laura, ela estava lá, nua. Ela foi filmada, filmaram Nicolás entrando nu no chuveiro, não pararam de filmar, apesar de Laura ter pedido a eles”, disse Trujillo. “Esses vídeos estão com o Ministério Público, não os temos”, relatou o advogado, que os solicitou porque as gravações demonstrariam que “houve irregularidades graves”.
Além disso, Trujillo denunciou que os agentes aparentemente alugaram um apartamento no complexo residencial onde vive Nicolás Petro e que residiram no local durante “uma a duas semanas”. A partir de então, planejaram tudo para levar a cabo a operação sem necessidade de apresentar ordens judiciais à porta, “como normalmente se faz nestes processos”. Tudo isto “teria sido feito sem a autorização prévia de um juiz de instrução”, concluiu o advogado. Trujillo questionou ainda o fato de as supostas provas de que Nicolás Petro recebeu dinheiro ilegal para a campanha do seu pai serem conhecidas há cinco meses e, por isso, a detenção deveria ter sido efetuada naquele momento. Na próxima terça-feira, 1°, a Procuradoria-Geral da República deverá realizar uma audiência para acusar Nicolás Petro de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, e a sua ex-mulher de lavagem de dinheiro e violação de dados pessoais.
Petro Burgos, deputado da Assembleia do Atlántico, foi detido em Barranquilla no âmbito de uma investigação lançada pelo Ministério Público em março. O ponto de partida foi uma entrevista de Vásquez à revista “Semana”, na qual ele disse que Nicolás Petro recebeu uma grande quantia de dinheiro de um traficante de drogas para a campanha eleitoral do atual presidente, Gustavo Petro, e que ficou com o dinheiro. De acordo com o relato de Vásquez, o narcotraficante Samuel Santander Lopesierra, conhecido como “o homem Marlboro”, deu a Nicolás Petro “mais de 600 milhões de pesos (cerca de US$ 153 mil) para a campanha do seu pai”. “Isso nunca chegou legalmente à campanha porque ele guardou esse dinheiro, assim como outros”, acrescentou a mulher, que mencionou que Nicolás Petro também recebeu 200 milhões de pesos (cerca de US$ 51 mil) do controverso empresário Alfonso “Turco” Hilsaca, que também não foram para a campanha. “Como pessoa e como pai, me dói muito ver tanta autodestruição e que um dos meus filhos vá para a prisão. Como presidente da República, asseguro que o Ministério Público tem todas as garantias da minha parte para proceder de acordo com a lei”, afirmou o presidente Gustavo Petro.
Fonte: Jovem Pan News
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