PT tenta barrar mudança da Ficha Limpa que pode beneficiar Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante ação solidária para arrecadação de doações em prol da população atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul

Discussão sobre projeto que poderia impactar inelegibilidade de ex-presidente foi adiada no Senado.

O Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado apresentou uma proposta para evitar que o projeto de alteração da Lei da Ficha Limpa, em discussão no plenário, beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A votação, que estava prevista para esta terça-feira (3), foi adiada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devido à falta de consenso entre os senadores.

Atualmente, a redação do projeto especifica que um candidato só se torna inelegível em casos que envolvem cassação de registro ou diploma. Como Bolsonaro perdeu as eleições de 2022 e não chegou a ser diplomado, há uma interpretação de que ele poderia ser beneficiado por uma brecha legal, segundo o ex-juiz e um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis.

Reis alertou senadores ligados ao governo sobre o risco dessa interpretação, gerando preocupação entre movimentos da sociedade civil, que veem a proposta como um “grave retrocesso”. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), propôs uma emenda ao projeto para impedir que tal brecha favoreça candidatos condenados por abuso de poder econômico ou político.

Durante a discussão, petistas evitaram mencionar diretamente o nome de Bolsonaro, o que gerou reações entre a oposição. O senador Magno Malta (PL-ES), por exemplo, ironizou o fato, destacando a ausência do nome de Bolsonaro nos discursos dos senadores do PT. A emenda de Randolfe visa garantir que a punição por inelegibilidade atinja políticos com condenação por órgão colegiado ou com decisão transitada em julgado.

A votação do projeto será retomada em uma data futura, enquanto a emenda tenta assegurar que as mudanças não resultem em benefícios a condenados por corrupção e abuso de poder, incluindo o ex-presidente Bolsonaro.

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